Certo. É um pouco suja, deveras lenta e um tanto carente. Ninguém agüenta aquele monte de gente pedindo dinheiro nas ruas, nem ver tanto monumento descuidado e haja paciência para suportar - digamos assim - a cadência pausada do atendimento baiano. Salvador tinha mesmo tudo para não acontecer. Mas só ela e mais nenhum lugar do mundo conseguiu reunir num único espaço geográfico o Pelourinho, Jorge Amado, a cozinha da Dadá, Bethânia, ladeiras, dendê, Olodum, Iemanjá, Itapuã e a lembrancinha mais barata do mundo: a fitinha do Bonfim.
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O Pelourinho é o maior conjunto arquitetônico barroco fora da Europa. Por tanto, no meu tema preferido - casario - já está de bom tamanho. Jorge Amado era de Itabuna. Mas deixou seu legado em Salvador. A gigante fundação que leva o nome do escritor esta aqui. A Dadá era uma cozinheira simples e humilde da favela Alto das Pombas. Hoje é dona de um pequeno império de restaurantes na cidade. Visite o Sorriso da Dada, no coração do pelourinho. Se tiver a sorte de encontrar com ela por lá, metade da viagem está ganha. É o abraço mais acolhedor que você poderá receber.
Já Bethânia é sempre Bethânia. A maior intérprete viva desse país é soteropolitana de Santo Amaro da Purificação. Terra de todos os santos, Salvador é o maior pólo de sincretismo religioso do país. Deram o lindo e sonoro nome Iemanjá para a mãe das águas. Ah, Itapuã... passar uma tarde em Itapuã ao som que arde em Itapuã. Para completar, a música do Olodum (que não é banda de axé, por favor!). É o som das ruas, das lutas, da cultura em batucada: avisa lá, avisa lá, avisa lá, ô ô... avisa lá que eu vou! E não neguemos os fatos: cidade com ladeiras tem sempre história para contar.
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Fotos: Matraca´s Image Bank
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E a Bethânia ainda conseguiu emplacar uma música (antiga!) na nova novela da sete:
ResponderExcluir"De repente fico rindo a toa sem saber porque... Foi tudo tão de repente que eu não consigo esquecer, te confesso tive medo, quase disse não... Mas o teu jeito de me olhar, sua fala mansa, meiga, rouca, foi me deixando quase louco...e eu me dei todo pra você... Volte logo meu amor!"
Ah, já que ninguém comenta, eu comento. ;-)
Gonzaguinha na VOZ de Maria Bethânia:
ResponderExcluirChega de tentar
dissimular
E disfarçar
E esconder
O que não dah mais prah ocultar
E eu não quero mais calar
Jah que o brilho desse olhar
Foi traidor e entregou
O que voce tentou conter
o que voce não quis desabafar
Chega de temer
Chorar
Sofrer
Sorrir
Se dar
E se perder
E se achar
E tudo aquilo que eh viver
Eu quero eh mais me abrir
E que essa vida entre
Assim como se fosse sol
Desvirginando a madrugada
Quero sentir a dor
Dessa manhã
Nascendo
Rompendo
Tomando
Rasgando meu corpo
E então
Eu chorando
Sofrendo
Adorando
Gritando
Feito louca alucinada
E criança
Eu quero meu amor se derramando
Não dah mais prah segurar
EXPLODE CORAÇÃO
Olodum é axé, SIM!
ResponderExcluirSilvia, querida. Admito aqui publicamente que este é o primeiro comentário que coloco num blog na minha vida... mas tudo que vc escreveu é tão legal que não posso deixar de te dizer que estou super orgulhosa de ter uma amiga tão danada e "viajada" como vc. adorei e vou voltar sempre. muitos beijos. Cristina
ResponderExcluirMomentos de emoção no Matraqueando. Minha amiga Cristina Luchini, essa lenda-viva do jornalismo brasileiro, deixando seu comentário aqui! Criiiis, ô que saudade docê! Volte, mas volte mesmo!
ResponderExcluirMárcio: só me falta você falar que a Shakira e a Mercedes Sosa têm o mesmo estilo!
ResponderExcluirOi Sílvia.
ResponderExcluirVocê é um belo exemplar de jornalista e mulher.
bj do Luciano Maluly
LUCIANO? Você por aqui???? Ah, não!!! É muuuita emoção. Acho que vou desmaiaaaaar. PLOFT!
ResponderExcluirOI Silvia,
ResponderExcluirvc esqueceu de comentar sobre o acarajé.....sou soretopolitana mas moro em SP há um ano. Tres coisas que quero fazer assim que chegar em minha cidade em janeiro de 2009. Caminhar do porto da barra até os hoteis no bairro Ondina naquele passeio estreito eh verdade, mas com aquele sol e clima maravilhosos...comer acarajé no bairro do vermelho e ir na praia do forte !!! seus comentarios sao pertinentes, mas nao generalize sobre o ritmo dos baianos...no meu circulo extenso ( quase todos jornalistas como nós) de amizades nao tinha ninguem com o ritmo Doryval Cayme, beijos e parabens pelo blog. Lorenza
Oi Lorenza! Obrigada pela vista! É mesmo, faltou o acarajé! Eu já tinha me dado conta, mas como não tenho fotos dele, vou deixar para a minha próxima ida à Bahia. ;-)
ResponderExcluirSobre o ritmo lento...vixe... a frase diz "a cadência pausada do atendimento baiano" fiz uma referência ao ATENDIMENTO, que, sim, é muito lento, na minha opinião, claro. Bares, restaurantes e serviços em geral demoram mais do que deveriam para atender e servir. Ou não. Talvez a gente aqui é que seja muito estressadinha e queira tudo para ontem! hahaha! Mas até isso, a cadência pausada, é considerada pelo Matraqueando patrimônio imaterial da humanidade. Só uma dúvida, você escreveu Dorival Caymmi diferente. (Eu conheço assim, "dorival caymmi". Como você é de lá, qual seria o certo?Apareça sempre!
OI Silvia,
ResponderExcluirconheci hoje seu blog para uma viagem à Curitiba!:)
Então, fui visitar o restante do país com vc.
Minha última parada foi Salvador, cidade onde nasci e moro... brilhante suas colocações!rss
Salvador é assim mesmo!
Vc já ouviu uma pérola sobre baianos: que nós não nascemos - estreiamos! E daí vem a animação e a veia artística de tantos por aqui!
Boa sorte em suas viagens
PS: É Dorival Caymmi mesmo!
Raquel