Nem sempre foi assim. A ecológica Curitiba, que você tanto ouve falar como sendo o melhor lugar do Brasil para viver (quiçá do mundo!), passou por uma severa plástica. Mexeu em tudo. Foi uma espécie de Extreme Makeover das cidades. Aqui pedreira virou palco para artistas, depósito de pólvora transformou-se em teatro e fundo de vale, em parque. Não há dúvida de que as urucubacas arquitetônicas de Curitiba foram um tiro certeiro no quesito abre-alas-lerniano.
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Pouco assediada por turistas brasileiros e estrangeiros até os anos 70, a cidade foi - mais do que depressa - para a mesa de cirurgia. Sem as cataratas da conterrânea Foz do Iguaçu, apelou para uma enorme cachoeira (de mentira) no Parque Tanguá – construído em uma antiga área degradada. Hoje, é um charme a foto que a gente pode levar de lá.
Já concorrer com a vizinha Serra do Mar, um dos últimos remanescentes da mata atlântica, seria perda de tempo e de dinheiro. Afinal, botar uma serra no meio da cidade não seria nada fácil (e estético). Os técnicos em planejamento, entre eles o então Diretor do IPPUC, o arquiteto Jaime Lerner – que depois veio a ser governador do estado um par de vez – começaram a aproveitar todo e qualquer cantinho verde da cidade para criar parques.
E conseguiram. São lindos e aos montes: a maior concentração de parques por metro quadrado do planeta deve estar na capital paranaense. Mais uma vez o bisturi funcionou. O município carrega, orgulhosamente, a marca de 55 m2 de área verde por habitante.
Além disso, Curitiba acha chique ser primeira em quase tudo: a primeira Universidade Federal do país nasceu na cidade. A primeira rua brasileira projetada em espaço fechado (hoje um pouco decadente) - a Rua 24 Horas - está bem no centro da capital. Tem o único museu do mundo em forma de olho. Assinado por Oscar Niemeyer.
O pioneiro ônibus Ligeirinho, uma espécie de metrô sobre rodas, transformou a vida de quem depende do transporte coletivo. Ainda não é perfeito, eu sei. Existe superlotação em horários de pico e em alguma rotas ele é o Demoradinho. Mas o sistema é tão inovador, que cidades como Los Angeles já estão adotando o mesmo modelo.
À primeira vista, essa delineada capital pode incomodar o turista que não gosta de silicone, que busca freneticamente lugares cheios de belezas naturais ou que prefere um ambiente menos artificial. Mas Curitiba deu certo. Nem do frio posso reclamar mais. Porque a cidade está cada ano mais quente.
Além do que, tem um bem maior, envolvente, diversificado, com um monte de história para contar: Tem gente! Gente de todos os cantos, de todos os tipos. Imigrantes dedicaram-se à agricultura e trouxeram a mão de obra qualificada para as indústrias. Tanto trabalho, um título: o povo com uma renda per capita 40% maior do que a média nacional. (P.S. Ninguém me entrevistou para esta pesquisa).
A fase das loiras topetudas, aquelas oxigenadas que faziam um gigante topete cheio de laquê, já passou. Há alguns resquícios, é verdade. Mas gente exagerada e excêntrica tem em qualquer lugar do mundo e aqui não é diferente. (Não existem tribos emo, grunge, punk ou gótica? Então, em Curitiba tem a tribo autóctona das loiras topetudas). Já do povo que estava aqui quando tudo começou, quase nada sobrou. Dos índios, só ficou o nome da cidade, que veio do tupi guarani: coré (pinhão) etuba (muito). Os pinheirais sem fim, que cobriam toda a cidade, são o símbolo da capital do Paraná. Até os cruzamentos e faixas de segurança são pintados em forma de pinhão.
No domingo, a disputadíssima feira do Largo da Ordem, no centro histórico da cidade, vai fazer você voltar para casa cheio de cacarecos, artesanatos mil, livros usados, antiguidades e, principalmente, com a certeza de que Curitiba é - na verdade - o melhor botox que já existiu!
29 de março: aniversário de Curitiba. Parabéns, eu amo você.
Fotos: Raul Mattar
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A fase das loiras topetudas, aquelas oxigenadas que faziam um gigante topete cheio de laquê, já passou. Há alguns resquícios, é verdade. Mas gente exagerada e excêntrica tem em qualquer lugar do mundo e aqui não é diferente. (Não existem tribos emo, grunge, punk ou gótica? Então, em Curitiba tem a tribo autóctona das loiras topetudas). Já do povo que estava aqui quando tudo começou, quase nada sobrou. Dos índios, só ficou o nome da cidade, que veio do tupi guarani: coré (pinhão) etuba (muito). Os pinheirais sem fim, que cobriam toda a cidade, são o símbolo da capital do Paraná. Até os cruzamentos e faixas de segurança são pintados em forma de pinhão.
No domingo, a disputadíssima feira do Largo da Ordem, no centro histórico da cidade, vai fazer você voltar para casa cheio de cacarecos, artesanatos mil, livros usados, antiguidades e, principalmente, com a certeza de que Curitiba é - na verdade - o melhor botox que já existiu!
29 de março: aniversário de Curitiba. Parabéns, eu amo você.
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Onde comer em Curitiba
Ahááááá! Passei aqui para ver se essa londrinense pé vermelho ia falara algumas coisa... dar uma notinha que fosse no aniversário da cidade! (Por supuesto, minha intenção era reclamar, dizer que você era bairrista, etc.. rsrsrsrsrs) Mas fiquei impressionado com tamanha dedicação. Fotos que retratam nossos cantos e texto divertido... um verdadeiro passeio emocional pelo lugar... Sobre as loiras topetudas a Sandra disse que te perdoa... é que ela ja fez parte da tribo...rsrsrsrsrs.
ResponderExcluirDica para a próxima: memorial ucraniano!
Luiz Roberto e Sandra
¡Que los cumpla feliz, que los cumpla feliz, te deseamos a ti, que los cumpla feliz!
ResponderExcluir¡Viva nuestra ciudad!
Luiz e Sandra!
ResponderExcluirCaaaapaz que eu não falaria da "nossa" Curitiba! Só tive e tenho coisas boas aqui. ;-)
¡Qué bien, Sheila!
ResponderExcluir¡Felicitaciones a nuestra Coré!
EEEEEEEEEEEEEEEE!!!! Parabéns, Curitiba!!!!
ResponderExcluirEu também amo Curitiba....por tudo e mesmo que o título de Cidade Sorriso ainda não esteja totalmente entendido por mim, rs...
Cidade Sorriso? Pensei que era cidade ecológica....
ResponderExcluirTambém...mas Cidade Sorriso é um dos apelidos de Curitiba...e de mais umas mil cidades brasileiras,hehehe...
ResponderExcluirPois é...assim como você, só não descobri o por quê ainda! Não que Curitiba seja a Cidade do NÃO sorriso, mas daí levar o título de cidade mais simpática do mundo... sei lá!
ResponderExcluirOlá, Sílvia!
ResponderExcluirDescobri seu site há umas três horas, já dei muita risada lendo seus posts e estou adorando!
Uma dica: peça para seu fotógrafo particular continuar caprichando nas fotos, pois elas são um deleite para os olhos...
Obrigada pelas dicas!
Ah, eu e meu marido estamos pensando em ir a Curitiba, que não conhecemos, mas depois que vi seus passeios e dicas sobre Antonina e Morretes, fiquei tentada a ir por conta própria, sem pacote, só pra ficar mais tempo nessas cidades...
ResponderExcluirAfinal, terminamos de pagar a décima (e última!) parcela da nossa última viagem de férias, em maio do ano passado... (mas não me arrependo nem um pouquinho...). Você nem imagina o quanto me identifiquei com seu post sobre a falência temporária das férias...
juliana
O Silvia!!!! Que saudade
ResponderExcluirE vendo essas fotos lindas, que vontade voltar pra Capital, muito bom aí!!!
Espero voltar logo, amo esse lugar.
Um beijooooo
Oi Sílvia,
ResponderExcluirAchei seu blog há uns dois meses, quando procurava dicas sobre Curitiba, pois queria passar uma semana de férias por lá.
Seu blog foi um achado! Montei minha agenda de férias com as suas dicas. Foi maravilhoso. Me senti em casa. E aproveitei muito a viagem. Obrigada por compartilhar suas percepções conosco.
Você ganhou mais uma fã. Um abraço.