terça-feira, 13 de março de 2007

Istambul: a cidade de dois mundos

Espremida entre o Mar Negro e o Mediterrâneo, a Turquia é o único lugar do mundo com um pé na Europa e outro na Ásia. O estreito de Bósforo divide a capital, Istambul, entre os dois mundos. Quem estiver do lado Ocidental é só pegar um táxi e em quinze minutinhos você está em outro continente. Não que tenha muito o que se ver no lado oriental da cidade, mas foi justamente esta localização privilegiada que transformou a terra dos sultões em território disputado por tantos povos.
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A Turquia é mais um daqueles países da antigüidade, onde todo mundo vinha, se estabelecia e fazia uso capião do lugar. Dos desconhecidos hititas, aos manjados persas até os insuperáveis conquistadores romanos (foi na Anatólia que Júlio César disse “Veni, vidi e vici”), o país só foi ter um pouco de sossego com a ousadia de Constantino (330 d.C.), que dividiu a história dessa nação em antes e depois da sua chegada. O Imperador tomou a cidade de Bizâncio, chamou-a de Constantinopla, anos mais tarde batizada de Istambul.

Depois de inúmeras inavasões dos seljuks (nome histórico do povo que a gente chama hoje de turco) houve a famosa tomada de Constantinopla, por Mehmet II, em 1453. A conquista foi tão importante para a história da humanidade, que marcou a passagem da Idade Média para os tempos modernos. Nasce Istambul e com ela o grande Palácio de Topkapi (foto abaixo), residência dos sultões e suas concubinas por quase três séculos, o que deixou a cidade mal-falada na panelinha cristã do primeiro mundo.

Imagine só, os turcos eram considerados sanguinários, devido às sangrentas batalhas que culminaram na conquista de Constantinopla e mantinham nos seus haréns escravas brancas, também chamadas carinhosamente de odaliscas. Pois esqueça essa visão hollywoodiana do filme Expresso da Meia Noite, que retrata uma Turquia violenta, desonesta e obscura. Ora, os haréns sempre foram lugares cheios de mistérios e lendas, mas consagrados com tradicão e cerimônia.

Quem vê, hoje, a cidade pipocada de suntuosas mesquitas não pode imaginar, inclusive, que um dia Istambul foi totalmente convertida ao cristianismo. Os quatro minaretes de Santa Sofia (1ª foto) disfarçam a construção concebida, originariamente pelo Imperador Justiniano, como uma Igreja dedicada à Santa Sabedoria. Ao visitar a capital turca, você vai estar em um museu a céu aberto, que reza - ao lado do alcorão - a cartilha de Mustafá Kemal, líder que levou o país à independência em 1923. O Pai dos Turcos, assim chamado, aboliu a poligamia e proclamou leis democráticas.

O esplendor dos haréns sobrevive, agora, na história do Palácio Topkapi, que se transformou no museu mais visitado de Istambul. A dinastia otomana morou no palácio por mais de 300 anos. Deixou um rico tesouro em obras de arte, pedras preciosas e a reverenciada Sala das Relíquias, que guarda objetos pessoais do profeta Maomé. Uma viagem à antiga capital do Império Otomano deve sempre começar por aqui. Você voltará no tempo, vai percorrer caminhos de glória e decadência e entenderá a opulência dessa cultura, uma civilização tida como celebridade entre os povos. História e território ornamentados com a singular riqueza do oriente.
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Fotos: do tempo em que máquina digital era coisa dos Jetsons. (Matraca´s Image Bank)

6 comentários:

  1. Luiz Roberto e Sandra14 de março de 2007 às 08:07

    Você é podre de chique!

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  2. Para mim, máquina digital É ainda coisa dos Jetson!

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  3. malu bueno - flórida14 de março de 2007 às 14:18

    Silvia, estive em Istambul em 1995. Faz tempo. Mas ao ler esses detalhes da conquista, da cidade, vejo que não "vi" ou "senti" Istambul como deveria... Preciso voltar!

    Obrigada por compartilhar essa sensibilidade!

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  4. Luiz!

    Sou tão chique que fiquei num albergue da juventude em Istambul por 10 (DEZ!) dólares por pessoa, quarto duplo e com as três refeições incluídas ao lado da Mesquista Santa Sofia!
    Anota aí: http://www.yucelthostel.com

    Mas parece que hoje só está o café incluido. Ainda, assim, uma barganha!

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  5. Malu:

    Há um ditado chinês que diz: "NUNCA VOLTE A UM LUGAR ONDE VOCÊ FOI FELIZ. NUNCA SERÁ A MESMA COISA".

    Em partes, concordo. Mas já voltei várias vezes a alguns lugares onde fui muito feliz e fiquei mais feliz ainda! Por isso, quando der, volte mesmo a Istambul!

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