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ONDE FICAR NA ESPANHA
O Hostal - uma espécie de pensão brasileira - é a hospedagem frequente e por excelência para quem quer dormir gastando pouco na Espanha. Geralmente está localizado em prédios antigos, com elevador (quando há) portando aquelas gradinhas de ferro quadriculadas que a gente tem que abrir ou fechar com as próprias mãos. Assim como a rede de albergues, os hostales podem oferecer banheiros no quarto ou não. Quase sempre sem café da manhã que - em 90% dos casos, vantagem - estão incluídos nos albergues. O grande diferencial de um (bom, que fique claro) hostal é o atendimento. É como se a gente ficasse hospedado na casa de amigos. A recepção é na sala (literalmente) e o dono quase sempre está ali para receber você. Detalhe: a maioria não aceita cartões de crédito.
Foto: Bar Tio Pepe, em Barcelona. Lugar típico para "ir de tapas". (Raul Mattar)
HOSPEDAGEM ECONÔMICA NA ESPANHA
Na Espanha - assim como em Portugal e na Grécia – os seus 50 euros devem render mais. A oferta de hospedagem econômica é ampla. E quando se consegue dormir decentemente pagando pouco, sobra cascalho para desfrutar da boa (e também barata) comida do país. Em Madri, o Hostal las Murallas pode ser um excelente custo benefício para um casal. O quarto duplo está a partir de 38 euros (19 por pessoa) com televisão e banheiro privado. Sem café da manhã. Os quartos são bem simples, mas o hostal está muito bem localizado, a 100 metros da Gran Via, ao lado da Puerta del Sol. E os três museus - Prado, Thyssen y Reina Sofía - ficam a 15 minutos andando dali. Para tirar a barriga da miséria pague apenas 8,50 euros para dormir (com café da manhã incluído) no quarto coletivo do Albergue Juvenil Santa Cruz de Marcenado (c/ Santa Cruz de Marcenado, 28. Tel.: 915.474.532). É bem impessoal, não tem cozinha para o hóspede, mas oferece um microondas.
Outra pechincha na capital espanhola é o Barbieri International Hostel . O quarto de casal sai a 32 euros (16 por pessoa), com café da manhã! Mas os banheiros são no corredor. E eles oferecem uma novidade: a tarifa diurna de 5 euros para quem quer só tomar um banho, usar a cozinha e deixar as malas na sala de bagagem. Para subir um pouco na vida sem ter que apelar para um concierge conheça o Hostal Victoria. Apesar da decoração cafonilda, os quartos - reformados - têm toalhas brancas, ar condicionado, frigobar, TV e estão de frente para a Puerta del Sol. A diária está a partir de 40 euros para o casal (20 por pessoa). Aceita cartão de crédito, o que é raro nesse tipo de hospedagem.
A 50 metros da Casa Batló de Gaudí e a cinco minutos caminhando do calçadão Las Ramblas está o Centric Point Hostel, em Barcelona. Excelente localização. A diária nos dormitórios sai a partir de 16,90 euros com um delicioso café da manhã. O staff não é dos mais amáveis, mas a excelente localização e o ambiente agradável farão você esquecer qualquer grunhido na recepção. Para ficar no Bairro Gótico, invista na simples e honesta Pensão Alamar. Quarto duplo a partir de 36 euros (18 por pessoa) e oferecem, sem cobrar nenhum adicional, berço para crianças até dois anos. Não tem café da manhã, mas a cozinha está à disposição dos hóspedes. Banheiro no corredor, o que pode ser um baita inconveniente para quem viaja com o bacuri. Mas por uma ou duas noites... quem sabe.
O Center Hostel Valencia pode ser uma boa e econômica opção para se hospedar quando você for conhecer a Cidade das Artes e da Ciência, em Valência. Fica no centro, ao lado da Plaza de la Virgen. O café da manhã está incluído e oferece internet wi-fi grátis. Tarifas a partir de 16 euros por pessoa, em quartos coletivos. Não tem habitación doble. Outra opção é o Hostal Moratín, também no centro da cidade. O quarto duplo sai a partir de 40 euros (20 por pessoa) com chuveiro. O café da manhã continental custa 2,50 euros. Quando for conhecer o Alhambra, em Granada, hospede-se numa típica casa Andaluza. O Hostal Landazuri têm quartos cômodos, com banheiro e uma linda vista para o monumento. A partir de 40 euros, o casal. Café da manhã a partir de 2,50 euros.
ONDE COMER NA ESPANHA
As tortillas - uma espécie de omelete com batatas - está para a Espanha assim como a coxinha de frango está para o Brasil. São populares, saborosas e podem ser encontradas em bares, restaurantes e nos supermercados. Existem paellas (o tradicional prato temperado com açafrão que geralmente inclui - com algumas variações - arroz, frutos do mar e legumes) por todos os cantos e preços. Nem sempre a mais cara será a melhor. Por uma média de 9 euros você encontra paellas individuais recheadas e decentes. Algumas porções são tão grandes que às vezes servem duas pessoas.
Foto: Café da manhã em uma panadería espanhola. (Raul Mattar)
Para desfrutar do modo mais espanhol de beliscar comidinhas, vá de tapas - o petisco espanhol. Existem tantas variedades, que eu não saberia mencionar nem 30% aqui. Os tira-gostos vão das nossas conhecidas azeitonas, passam pelo tradicional jamón ibérico e chegam a elaboradas receitas como a banderillas, que levam presunto, salmão, cogumelos, camarão, aspargos, ovos de codorna, batatinhas, kani e anchova. Tudo acompanhado por uma cremosa pasta alho e óleo.
Em diferentes cidades da Espanha você encontra a cadeia de restaurante FrescCo. O buffet completa inclui saladas, prato quentes, sobremesas (geralmente frutas das estação) e bebida (que pode ser água, refrigerante, chopp ou vinho) por módicos 8,50 euros por pessoa até às 18h. Depois, custa 9,95 euros. Todos os restaurantes são novos e aconchegantes, apesar do burburinho (vivem lotados!) na hora das refeições! Você encontra a rede em Madri, Barcelona, Sevilha, Bilbao, Valência, Granada, Salamanca, entre outros lugares. Consulte o site deles para saber onde há um restaurante mais próximo de você.
Na capital espanhola você também pode conhecer a Taberna Alhambra. A Paella Mixta está 7,00 euros. Ambiente típico. A três quadras da Puerta del Sol. Em Valência experimente a tradicional cozinha mediterrânea na rede Neco Buffet, no estilo do FrescCo. Comida à vontade, com diversas sobremesas a 9,85 euros por pessoa durante a semana, por exemplo. No sábado e domingo vai para 12,90 euros. Não inclui bebidas. Ah, e para seu churros com chocolate quente se aconchegue no El Gran Café, no número 09 da rua Carrer d’Avinyo, no centro histórico de Barcelona. Para comer lá é caro, mas dois churrinhos não vão matar ninguém. O edifício, todo em arte noveau, é de 1920. Ambiente sofisticado para você se lembrar de que também é filho de Deus.
SESSÃO MÃO-DE-VACA-MUQUIRANA
Nos supermercados Al Campo procure pelo produtos Primer Precio. Estão por todas as gôndolas. São 40% mais baratos que os concorrentes, com a mesma qualidade. Entre no site para ver onde há uma filial mais próxima de você. Pizzas médias, por exemplo, a 2,30 euros. Existem massas prontas (ravióli, capeletti e talhatelli) com vários temperos (ricota, pesto, carne ou quatro queijos) a partir de 1,85 euros.
MOMENTO EXTRAVAGÂNCIA
Programe-se para ir a Girona experimentar o menu degustação do estreladíssimo-top-mega-über restaurante El Bulli, do chef catalão Ferrán Adrià. O menu degustação está 220 euros. Só que para este ano, lo siento. Não há mais lugares. Mas fique atento: em outubro dezembro eles devem abrir as reservas para o ano que vem.
Ó QUE CURIOSO
A expressão “sangue azul” surgiu na Espanha na época que o país foi invadido pelos árabes. A nobreza percebeu que suas veias eram mais azuladas que a de outros povos como os mouros, por exemplo. Por isso, hoje em dia associamos o sangue azul à gente de “linhagem”.
UM FILME PARA INSPIRAR
Volver (2006), de Pedro Almodóvar.
ESPANHA LEMBRA
Guernica, churros, notívagos, Joan Miró, tinto verano, ¿por qué no te callas?, nossa família.
MELHOR ÉPOCA PARA IR
Há festa o ano inteiro nas mais diferentes cidades espanholas. Se puder, evite o alto verão, principalmente na Andaluzia, onde os termômetros batem facilmente a casa dos 40 graus. Na Semana Santa, Sevilha enlouquece (e os preços ficam absurdos) com a Feria de Abril. O festival Las Fallas, de Valência, acontecem em março. O inverno não é muito rigoroso, mas lembrando que a Espanha tem a Sierra Nevada. Dependendo do seu destino, coloque bastante roupa de frio na mala. Para garantir melhores preços vá em fevereiro, março, outubro e novembro.
Site do país: www.spain.info
Embaixada brasileira: Calle Fernando El Santo, nº 06 (3491) 700-4650 – www.brasil.es
NA SEMANA QUE VEM DESEMBARCAMOS NA FRANÇA. VOILÁ!
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+ 15 DICAS DA ESPANHA
1. Na Plaza Mayor, em Madri, busque a Oficina Municipal de Turismo. Aberta todos os dias, das 9h30 às 20h30, a oficina oferece folhetos e revistas gratuitamente. A Es Madrid Magazine traz a programação completa da cidade. Para ter uma visão completa da vida cultural na capital espanhola adquira o Guia del Ócio vendido por 1 euro. Caso não queira – ou não possa – aproveitar os dias e horários gratuitos dos principais museus de Madri compre a Tarjeta Paseo del Arte. Custa 14,40 euros e dá direito a entrar no Prado, Reina Sofia e Thyssen-Bornemisza. O cartão pode ser adquirido na bilheteria dos museus. Para fechar seu circuito cultural o Museo de la Real Academia de Bellas Artes - onde Picasso e Dalí estudaram – é gratuito às quartas-feiras.
Foto: Plaza Mayor, em Madri. (Raul Mattar)
2. Com tempo, descubra a Rota Cervantina. É o maior corredor ecoturístico e cultural do país. A rota - embasada na obra maestra de Miguel de Cervantes, Don Quixote de La Mancha - atravessa 144 municípios que teriam sido caminhos históricos, planícies áridas, veredas e estações pecuárias utilizadas por Don Quixote, o Cavaleiro da Triste Figura. A 110 quilômetros de Toledo, está Campo de Criptana. A cidade abriga o mais famoso e preservado conjunto de moinhos do país, aqueles que, nos delírios de Quixote, eram gigantes querendo briga. A quase 20 quilômetros dali, está El Toboso, lugar onde nasceu Dulcinéia, a musa inspiradora de Don Quixote. Visite o Museo-Casa Dulcinea del Toboso. Guarda móveis e utensílios do século 16 e no pátio abriga uma das maiores prensas de azeite do país, com uma viga de 15 metros de altura. Gratuito aos sábados e domingos. Foto: Real Alcázar de Sevilha. (Matraca's Image Bank)
3. Percorra Triana, o bairro do flamenco em Sevilla. Fica do outro lado do rio Guadalquivir. O local é perfeito para “ir de tapas” - expressão indispensável na Andaluzia. Faz uma referência à desenvoltura dos espanhóis que vão parando de bar em bar, mordiscando pratinhos de petiscos, acompanhados por cerveja, vinho ou tinto verano. As tapas geralmente vêm em porções generosas, custam pouco e valem por uma refeição.
4. Ali mesmo, na Andaluzia, faça das tripas coração para conhecer Ronda, uma cidade encravada ao pé de um desfiladeiro de 150 metros de altura. A Plaza de Toros mais antiga da Espanha está aqui, mas a “arquitetura” natural impacta tanto que será uma das mais belas recordações (e fotos) do país. Além do penhasco a seus pés a cada esquina, o centro histórico é mouro e medieval.
5. Para fazer câmbio, o Banco Santander - dois por quarteirão - geralmente oferece a melhor cotação. Mesmo assim, pesquise antes em algumas casas especializadas. Em tempo: o horário dos bancos na Espanha é bem diferenciado do resto da Europa. Abrem por volta das 8h30/9h e fecham às 14h ou 14h30. E funcionam no sábado, até às 13h ou 13h30.
6. A Ibéria é a principal companhia aérea da Espanha. Para fazer vôos internos consulte também a Spanair ou a Vueling. Compras feitas com antecedência garantem melhores tarifas. Nas companhias low costs verifique as taxas adicionais, se cobram por bagagem e em qual aeroporto vão descer.
7. As touradas – quer queira quer não – seguem entusiasmando gerações e gerações de espanhóis. Ainda que a apresentação tenha sido alvo cada vez maior dos ativistas pró-touro, as Corridas começam a partir de maio e vão até outubro. Arena cheia, sempre. Para tirar suas próprias conclusões, vá assistir uma ou visite Pamplona, durante o Sanfirmines – festa em que os touros saem em disparada. Na frente deles, espanhóis aficionados. “Um autêntico drama religioso”, nas palavras do poeta granadino Federico García Lorca.
8. Num bate-volta partindo de Barcelona, vá a Figueras onde está a Casa-Museu Salvador Dalí, dedicada ao genial pintor surrealista. O edifício, desenhado pelo próprio Dalí, é um evento a parte. O ingresso custa 10 euros. Na sua conta dos 50 euros por dia, é uma visitinha que pode ficar cara. Mas se você se controlar e não comer nenhuma paella naqueles restaurantes turistésimos do La Rambla, vai sobrar dim-dim. Para isso, consulte o Barcelona Grátis, um site que junta tudo o que a cidade pode oferecer nos próximos dias gratuitamente!
9. A rede ferroviária espanhola é um dos patrimônios da Espanha. Os rápidos (e caros!) Talgo e AVE levam você aos principais destinos. Mas há outras opções para quem quiser o jeito europeu de viajar - usando os trens regionais. Mais baratos, porém mais lentos. Fuce o site da Renfe.
10. Caso seu destino seja o norte da Espanha desfrute seu momento aposentado na Cantábria. A 30 quilômetros de Santander está Santillana del Mar, uma antiga vila medieval, com torres e palácios renascentistas. A dois quilômetros de Santillana, um luxo: as Cuevas de Altamira, uma importante amostra de arte rupestre. As pinturas têm em torno de 14 mil anos e são Patrimônio da Humanidad. O acesso às cuevas está fechado. Mas é possível visitar o Museo de Altamira, que traz reproduções dos desenhos pictóricos, incluindo o famoso bisonte (ou bisão). A entrada custa 2,40 euros. Gratuito aos sábados, a partir das 14h30 e aos domingos – dia inteiro.
11. Seu momento “tô podendo”: a marca espanhola Zara – que custa os olhos da cara aqui no Brasil – tem precinho de C&A na Espanha. Querendo ter seu momento extravagância (qualquer comprinha numa viagem com valores restritos é uma extravgância), encha a mala com modelitos que só chegarão aqui uma temporada depois e pelo dobro do preço.
12. Se em toda Espanha você tiver que escolher apenas um mercadão para visitar, fique com o La Boquería, em Barcelona. Está no coração do calçadão La Rambla. É um bonito edifício modernista cheio de cores e sabores, como manda o figurino em qualquer estabelecimento do gênero. Não paga nada para entrar e é cheio de frutinhas cheirosas por preços muy convenientes. Já o mercado de pulgas Encants Vells funciona nas segundas, quartas, sextas e sábados. De graça, claro.
Foto: Parc Güell, em Barcelona. (Raul Mattar)
13. Em qualquer café decente prove o churros com chocolate. Vai custar pouco e nada pode ser tão típico e aconchegante por aqui.
14. Para bolos e doces procure as pastelerías. Se quer a melhor variedade de frios e boa oferta de queijos busque uma charcutería. Para conhecer uma das maiores lojas de departamentos da Europa, o El Corte Inglés - com filiais espalhadas por todo o país - pegue seu mapinha da Oficina de Turismo. Eles vêm cheios de pontinhos verdes (cor da logomarca da empresa), indicando onde estão localizadas as unidades.
15. Inclua Málaga, se possível. Terra natal de Pablo Picasso, o maior artista que a humanidade conheceu. (Opinião minha, posso?). O Museo Picasso está na casa onde o pintor viveu. Único e intransferível.
MUITO BOM: comida boa e barata, em qualquer cidade a qualquer hora. E garrafa de vinho da principal região vinícola da Espanha - La Rioja - por 2 euros nos supermercados.
MUITO CHATO: os passes das grandes cidades - (o Madrid Card, por exemplo, custa 42 euros por 1 dia) que incluem visitação em vários museus e transporte público gratuito - são caros demais para o nosso padrão. Porque ninguém consegue visitar três museus, dois palácios e andar para cima e para baixo de ônibus e metrô em 24 horas.
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Foto: Hemisfèric, na Cidade das Artes e da Ciência, em Valência. (Javier Yaya)
Se você gosta de presunto com marca, selo de origem e divisão por estrelas seu lugar é aqui. A Espanha é plural. Consegue misturar num espaço único Pedro Almodóvar e Antoní Gaudí. Mesmo que você não admire nenhum dos dois, não se preocupe. Há outros loucos fazendo história no país. Ferrán Adrià, por exemplo. O badalado chef catalão brinca de fazer espuminha de abacate na chamada cozinha molecular.
Don Quixote e seus devaneios são fichinha perto do que se considera contemporâneo por estas paragens. A Espanha é moderna, progressista, mas cheia de tradições. Festejos populares reforçam todos os nossos padrões estabelecidos em relação à vida espanhola. Castanholas, toureiros, procissões e dança flamenca inundam as calles em dias de festa.
Depois de 30 anos de ditadura, o país se vê invariavelmente dividido entre arcaicas pelejas separatistas e arquitetura de ponta. Nem o pior atentado terrorista da história espanhola, em março de 2004 em Madri, freou a força e a gana de se superar. Uma viagem para cá deve ser feita em etapas. A Espanha é o terceiro maior país da Europa, um dos mais baratos do continente e - depois de Portugal - o mais transitável para um turista brasileiro (quando ele não é barrado na imigração).
No meio de tantas conquistas e reconquistas foi dominada durante 800 anos pelos mouros. Está entre tapas e cañas, ilhas com azul-turquesa-esverdeado-quase-transparente, areias negras e parques nacionais. Tem até um longo caminho - o de Santiago - para ser feito a pé, de carro ou de bicicleta. Vinho, sangria, tinto verano, ou xerez. Qualquer um deles servirá para embalar sua paella.
LA SIESTA E SEUS IDIOMAS
A siesta é o maior patrimônio zen-erudito-cultural da Espanha. É uma espécie de meditação ibérica que ocorre sempre depois do almoço e vai até umas cinco da tarde. Ou seja, depois de forrar a pança os espanhóis ficam em um estado sonolento – nem alfa, nem ômega – em que se dão o direito de dormir ou descansar por, pelo menos, uma horinha antes de voltar ao batente.
Nem todas as lojas e escritórios fecham no período de siesta como antigamente, mas é tão cultural tirar essa sonequinha no meio da tarde que boa parte do comércio baixa as portas das 14h às 17h. Os espanhóis adotaram esta tradição como uma forma prática de lidar com o calor intenso do verão europeu. Eu, como notívaga assumida, não perco por nada esse momento yoga-de-ser do espanhol.
O almoço também não é servido muito antes das 14h. Não se assuste se chegar a qualquer restaurante por volta do meio-dia e encontrar as portas fechadas. Para piorar – ou deixar mais excitante – a Espanha tem outros três idiomas oficiais: catalão (uma mistura de espanhol com francês), o galego (bem parecidinho com o português) e o euskara (só um estudioso de hieróglifos para decifrar).
Este último acho que é uma mistura de russo com alemão mais um dialeto próprio. Na verdade nunca sei. Mas sei que é impenetrável. Não existe diferença entre castelhano e español. É o mesmo idioma, o que muda são os regionalismos. Assim, como o português de Portugal e o português do Brasil.
O BARATO DA ESPANHA
MADRI - É a maior cidade do país. Possui dois dos principais museus da Europa, o Prado (com um dos mais importantes acervos do mundo em obras notáveis como As Meninas, de Velázquez) e o Reina Sofía. No primeiro, o ingresso são 6 euros, com entrada grátis aos domingos. O Reina Sofía - onde está a obra Guernica de Picasso - também cobra 6 euros, mas é gratuito no sábado à tarde e no domingo pela manhã. A Puerta del Sol é seu ponto de partida para caminhadas. É uma enorme área comercial com bom acesso ao transporte público. Mas a partir dela é possível conhecer, a pé, boa parte das atrações da cidade. Aqui tire sua foto cartão-postal ao lado da mais famosa estátua da cidade: el oso y el madroño. Circule pela Gran Via - uma das principais avenidas da capital. No número 72 está uma das unidades do Museu del Jamón. Uma mistura de restaurante e mercearia. Não paga nada para entrar, tem sempre um pratinho de degustação e você vai conhecer a maior variedade possível de presunto, ops, jamón que existe. Nas manhãs de domingo há o fervilhante mercado de pulgas El Rastro para investir boa parte do seu dia sem culpa. Já na Plaza Mayor - ex palco da inquisição e touradas - sinta-se em casa. Ponto de encontro de viajantes e madrilenhos. Site da cidade: www.esmadrid.org
BARCELONA - A maior herança do arquiteto Antoni Gaudi, o Parc Güell, é de graça. Um emaranhado de curvas que se misturam com caquinhos de azulejos. Desenhos que formam os mais belos mosaicos da arte contemporânea. Na igreja Sagrada Família (também de Gaudí) - um grande castelo de areia construído no meio da cidade - paga para entrar. Mas é do lado de fora, com uma certa distância, que se vê a inusitada e conflitante arquitetura. Sem falar no La Rambla - o principal calçadão da cidade - e o Bairro Gótico para se perder e andar, que é sempre grátis e desbravador. O Barcelona Card dá direito a transporte público ilimitado, entrada gratuita em vários museus e descontos em restaurantes. São 26 euros por dois dias ou 30 euros por três dias. Analise atentamente o que pretende fazer na cidade para saber se vale a pena ou não comprar um desses. Site da cidade: www.barcelonaturisme.com.
VALÊNCIA - É a expressão máxima da arquitetura futurista e foi cenário do mais recente filme de Almodóvar. Valência - da paella valenciana - abriga a Cidade das Artes e da Ciência, um complexo extraordinário que engloba museu, planetário e o maior aquário da Europa. O local, antes degradado, se transformou na região mais badalada da cidade. Foi um levante para disputar os visitantes com Sevilha - totalmente regenerada depois da Exposição Universal de 1992. O ingresso para conhecer o Hemisfèric (um edifício com teto ovóide com mais de 100 metros de longitude especialmente criado para projeções) e o Museu das Ciências custa 11,20 euros. Apesar do preço não ser, assim, tão econômico para o nosso modelo de viagem 5.0, é o maior barato de Valência. Site da cidade: www.turisvalencia.es
SEVILHA - Moura, dourada e às margens de um rio de nome complicado, o Guadalquivir, a cidade traz em cada esquina sete séculos de domínio árabe. A catedral gótica - que já foi mesquita - é uma das maiores construções cristãs. É daquele tipo de monumento em que se paga para entrar (7,50 euros), mas que do lado de fora (gratuito para babar) rendem muitos mais "oóóóhhhhhs" do que lá dentro. A Torre del Oro, entrada a 2 euros e gratuita às terças-feiras, foi erguida pelos árabes. Originariamente era uma das torres que integravam o muro fortificado de Sevilha. Sua construção é do século 13. É hoje a sede do Museu Naval. No bairro de Santa Cruz, um antigo quarteirão judeu, o passeio é perder-se. Nada restou da antiga comunidade judaica. Tudo aqui lembra castanhola, tapas e tablaos. Site da cidade: www.turismosevilla.org
GRANADA - Fique de joelhos. Em Granada está um dos monumentos mais visitados da Europa, o Alhambra. Uma fortaleza que envolve um rico complexo palaciano que inclui o Alcazaba (o forte), o Alcázar (o palácio), o Generalife (os jardins) e a grande muralha. Exibe os mais famosos elementos da arquitectura islâmica no país. Ingresso a 12 euros. Vá, nem que for para depois comer McDonald's três dias. O Alhambra restringe o número de pessoas por dia. Chegue cedo ou compre seu ingresso pela internet (www.alhambra-tickets.es). A reserva on-line custa 1 euro a mais. Será sua melhor economia na cidade: não perde-se tempo. Site: www.granada.tur
Foto: Mesquita de Córdoba. (Divulgação)
CÓRDOBA - A 2h de Madri pelo trem AVE, Córdoba tem um centrinho histórico pequeno e fácil de ser derriçado. O ônibus nº 03 para nas estações de trem e ônibus e vai até à Plaza Tendillas, perto da mesquita - o principal atrativo da cidade. A Mesquita de Córdoba já foi o maior templo do mundo islâmico. É uma mistura dos estilos bizantino e gótico e converteu-se em uma das mais imponentes construções da Espanha. Para entrar paga-se 8 euros. Mas durante as missas - todos os dias, às 8h30 e às 10h - a entrada é gratuita. Por ali está o Alcázar de los Reyes Cristianos, construído no século 14. Já foi sede da inquisição espanhola e residência dos reis católicos Fernando e Isabel. Aqui, recepcionaram Cristóvão Colombo antes da partida para a descoberta do novo mundo. Entrada a 4 euros. Gratuito às sextas-feiras. Site da cidade: www.turismodecordoba.org
BILBAO - Se eu fosse você pegaria um vôo low cost a partir de Madri ou Barcelona e desceria em Bilbao só para ver o Museu Guggenheim. Um bate-volta que vai ter lá seu custo. Mas a experiência na volta, não tem preço. Site da cidade: www.visitbilbao.info
ILHAS CANÁRIAS - Todos os guias falam com o maior empenho das Baleares. Mas muitas vezes se esquecem das Canárias, o arquipélago espanhol ubicado a pouco mais de 100 quilômetros do Marrocos e território mais próximo da Madeira, as ilhas portuguesas. A falar de viagem econômica, Lanzarote, Tenerife e Las Palmas são o paraíso na terra. Saramago escolheu a primeira para viver. Em Tenerife há a maior montanha da Espanha, o vulcão Teide. E em Las Palmas (fiz metrado aqui lá lá lá lá!), corra para o bairro de Vegueta – o quarteirão mais antigo da cidade. declarado Patrimônio Mundial. Em qualquer uma delas tem praia - com direito a escolher cor de areia, cascalho e balanço do mar - sempre de graça. Site oficial: www.turismodecanarias.com
PARA FUGIR DO ÓBVIO
Num raio de 200 quilômetros de Madri estão cinco cidades Patrimônio Histórico da Humanidade. Toledo, Segóvia, Ávila, Cuenca e Salamanca. A medieval Toledo - às margens do Rio Tejo - por exemplo, está a 60 km – a meia hora de trem. Não pegue excursão. Na estação Atocha dá para comprar os bilhetes por 6 euros, ida e volta. A Santa Catedral Primada de Toledo demorou 250 anos para ficar pronta e a sacristia abriga obras de El Greco e Tristán. Entrada gratuita antes das 12h, depois das 16h e aos domingos. Fora disso, o ingresso custa 5 euros. Já Segóvia, a 1h30 30 minutos de Madri com o trem rápido, merece um dia inteiro de visita. A cidade preserva o mais alto aqueduto do Império Romano, com 29 metros de altura. Entre no site oficial da Renfe para saber informações e horários dos trens.
SEM MARCAR TOUCA
Quem está acostumado a viajar de carona, fique atento: nas autopistas espanholas é ilegal dar o dedão.
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Nesta terça-feira damos início à primeira parte do nosso material sobre Espanha econômica. A reportagem faz parte da série Europa a 50 euros por dia. Como a Espanha já foi tema váááárias vezes por aqui é bem capaz que você reconheça alguma dica ou texto já publicados. Por isso mesmo passe pelo blog e não deixe de dar seu pitaco, dica ou palpite! Inté.
Tá tudo em promoção. O destino mais procurado do Brasil na última década volta a oferecer uma super oferta. Cada parcela equivale, por exemplo, a um almoço para casal no shopping. Por R$ 57,00 por mês - avião e hotel com café da manhã incluídos - você visita um dos principais roteiros da Costa do Descobrimento. De quebra conhece Arraial D'Ajuda e dá uma voltinha no quadrado de Trancoso, a um pulo de balsa e disposição. Os preços são para saídas de São Paulo. Há várias datas de partida, inclusive 05/09, vespera do feriadão. A oferta é da CVC.
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Trancoso
Há 10 dias estamos assim:
E a previsão para esta semana é "bem" animadora:
Caso eu entre em greve, vocês já sabem o motivo.
Foto: vista da janela do meu apartamento hoje de manhã. (Matraca´s Image Bank)
Foto: Bairro Abasto, em Buenos Aires. (Raul Mattar)
É quase o mesmo preço de uma passagem de ônibus Curitiba-Londrina (distância de 380 quilômetros). Está na GOL. Em agosto - pesquisei de 21 a 25/08 - a opção Curitiba-Buenos Aires aparece a partir de R$ 112,00 (mais taxas). O valor é por trecho.
Para quem ainda está preocupado com a gripe porcina, leia a revista Veja desta semana. Ela traz um dado do Ministério da saúde que alerta: a gripe comum mata muito mais do que o vírus H1N1. Até agora são 33 mortes confirmadas no Brasil por causa da nova doença. No mesmo período do ano passado, 4500 pessoas morreram por causa da gripe comum e suas complicações.
Detodosmodo, lave várias vezes a mão ao dia e use o álcool gel, quando necessário. A gripe suína ainda vai entrar para a história da humanidade como aquela que provocou o maior saneamento básico na saúde pública.
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Gente, cheguei tarde. Porque a promoção termina hoje, à meia-noite. Mas se você ler isso a tempo e se interessar... O Submarino Viagens oferece passagens São Paulo-Miami-São Paulo a partir de US$ 399,00.
Fiz uma pesquisa e achei bilhetes por este valor entre os dias 23 e 30 de setembro. Na nossa moeda são R$ 756,00. Em outras datas - como agosto, alta temporada por lá ainda - encontrei por R$ 915,00 (reais!). Diferença até pequena. As taxas de embarque estão em torno de R$ 270,00.
Parece mentira, mas vai chegar o dia em que vão perguntar onde nós - viajantes mortais e cheios de contas para pagar - estivemos no fim de semana e vamos responder: demos um pulinho em New York. Rá.
Se você gosta de guias com tudo nos mííííínimos detalhes, a sua opção é o Guia Visual Europa, da PubliFolha. Com mais de mil fotos coloridas e mapas detalhados de cada região importante, o guia traz informações turísticas e culturais sobre 20 países da Europa: Grã-Bretanha, Irlanda, França, Bélgica e Luxemburgo, Holanda, Espanha, Portugal, Itália, Grécia, Alemanha, Áustria, Suíça, Suécia, Noruega, Dinamarca, Finlândia, República Tcheca, Hungria e Polônia.
Diferente do guia O Viajante - indicado na semana passada - o Guia Visual da PubliFolha vem todo colorido, traz desenhos das partes internas dos principais monumentos (algo de que gosto muito!) e indicações de hotéis e restaurantes, assim, de classe média a extravagância. É um guia bem bonito, para consultas constantes.
Quanto custa: R$ 110,00
Onde comprar: nas livrarias ou no 0800 140090 ou no site da Livraria Folha.Up to date: A querida Danielle Lamoço deu uma dica bem legal. No site Submarino você encontra este (e outros) guia por preços bem mais convidativos. Hoje, eles estão oferecendo o Guia Visual Europa + Guia de Conversação Europa (ou seja, dois livros) por R$ 99,00. Aqui!Foto: Matraca's Image Bank
ONDE FICAR NA ALEMANHA
Importante: antes de escolher sua hospedagem analise e considere o que é realmente significativo para você na hora de decidir onde ficar. Você faz questão de quartos amplos? Banheiro privativo é imprescindível? A localização é essencial? A rede wi-fi (grátis, de preferência) é necessária? No meu caso, todos os requisitos acima - de uma forma ou de outra - são importantes para mim hoje em dia, por questões óbvias. O detalhe é que, quanto mais benefícios, geralmente mais caro vai ficar. Portanto, entenda: hospedagem boa e barata deve ser aquela que apresente o maior número de “regalias” que seu bolso pode pagar.
HOSPEDAGEM ECONÔMICA NA ALEMANHA
Você vai perceber que, apesar de ter uma economia muito forte, a Alemanha não é um país caríssimo para viajar. Proporciona boa oferta de hospedagem barata e bem localizada. Em Berlim, a rede AO Hostel tem três albergues na cidade. Um deles, o AO Mitte Hostel & Hotel (perto da estação Ostbahnhof) oferece - além dos quartos coletivos a partir de 10 euros – quartos para casal com banheiro a partir de 34 euros (o valor é pelo quarto, portanto, 17 euros por pessoa). O café da manhã não está incluído.
Na Berlim Oriental temos o Pegasus Hostel – antigo colégio judaico para meninas – com diárias a partir de 10 euros por pessoa em quarto coletivo e 40 euros para casal (com pia dentro do quarto, mas banheiro e ducha no corredor). O café da manhã não está incluído, só que tem cozinha para hóspede e internet gratuita.
Foto: Por onde passava o Muro de Berlim. (Attilio Ivan)
Para fazer uma incursão sócio-política-antropológica aposte no nostálgico Ostel. Fica em apartamentos da era comunista e foi totalmente decorado com peças daquela época. Até o site é só em alemão (acho que deve ser de propósito, não é possível!), mas entra lá que você se acha. Para reservar clique em “buchung”. Diárias a partir de 9 euros nos dormitórios, sem café da manhã. Saindo da linha dos albergues o hotel Jugendhotel Haus Vier Jahreszeiten pode ser uma ótima opção na região central. O quarto de casal - bem simples, mas com banheiro - está a 40 euros por dia, com café da manhã incluído.
Em Munique não é muito fácil encontrar uma hospedagem econômica para casal, mas em albergues há diversas opções. O bem recomendado 4 you München cobra a partir de 13 euros por pessoa em quartos coletivos com café da manhã incluído, uma raridade entre os albergues da cidade.
Passando por Colônia aposte no Station Backpacker´s Hostel, próximo da estação central. Diárias nos dormitórios estão a 17 euros por pessoa e o quarto de casal fica a partir de 45 euros (22,50 por pessoa). O café da manhã é a parte, mas tem cozinha para hóspede e internet gratuita. Já em Nuremberg fique no Lette’ m Sleep pertinho do muro medieval. Está a partir de 16 euros por pessoa nos dormitórios e 49 euros pelo quarto de casal (25,50 por pessoa). Cozinha disponível para hóspede e internet gratuita.
Ficando mais de uma semana (ou em alguns casos até menos) consulte o site de aluguel de apartamento por temporada All Berlin Apartments. Você vai achar alguns estúdios a partir de 50 euros para duas pessoas. Vem com cozinha equipada para seu momento Ofélia international.
ONDE COMER NA ALEMANHA
O supermercado deve ser sua casa. Mais luxo do que isso, impossível. Onde você poderá comprar ovas de salmão por 4 euros o potinho? Queijos brie por 3 euros, um pedação? Latinhas com mexilhões temperados por 1,50 euros? Além de deliciosos cremes e sopas por 1 euro que - quando adicionados em água quente - formam o mais reconfortante caldinho para fechar a sua noite. Além de garantir seus lanches no fim de tarde, você poderá abusar da cozinha disponível para hóspede em alguns hostels.
Compre comidas fáceis de fazer: macarrão espaguete e um molho pronto (existem vários, de tomate, bechamel – tudo em porções individuais) ou dois bifinhos para comer com um delicioso pão fresquinho ou ovos, salsichão e uma cebolinha pequena - que rendem saborosos e frescos omeletes (substantivo de dois gêneros), acompanhados pela melhor wurst que você podia encontrar, a original.
No site da rede alemã de supermercados Aldi Markt , hoje, estava lá: pacote de macarrão (500g) por 0,99 euros, caixa com 4 hambúrgueres empanados recheado com camembert por 1,89 euros e um potão de sorvete de tiramisu (dá para umas cinco pessoas) por 1,59. Não se esqueça de comprar água. Nos mercados, a garrafinha de 500 ml custa em média 0,50 de euros. Nos bares, esse mesmo produto pode chegar a 3 euros ou mais. Ah, todo os supermercados da Europa vendem pizzas semi prontas por 3 a 4 euros (tamanho médio). Se seu hotel-hostel disponibilizar forno, em cinco minutinhos você tem um delicioso jantar.
Foto: Eisben e wurst - joelho de porco e salsichão, respectivamente. (Matraca's Image Bank)
No almoço, dê-se ao direito: coma bem e fartamente. Não é preciso gastar muito para isso. Sempre você vai encontrar os restaurantes com os menus turísticos que - por preços que variam de 7 a 15 euros - oferecem entrada, prato principal e sobremesa. Em Berlim tente o Zum Schusterjungen (Danziger Str, 9. Tel.: 30-44 27654 ). Restaurante com comida alemã, ótimas cervejas e enorme variedade de pratos típicos.
Ainda na capital há o escondido Tiergartenguelle. Está debaixo da linha do S-Bahn e parece um pub mal encarado. Mas ao entrar você se depara com enormes mesas coletivas com comida alemã servida em porções gigantes. Há ainda o Zum Nussbaum (Am Nussbaum, 3. Tel.: 30-2423095), uma taverna com cozinha tradicional berlinense. Oferece o típico joelho de porco com guarnições por 9 euros e peixe ao molho branco com batatas a partir de 6,50 euros.
SESSÃO MÃO-DE-VACA-MUQUIRANA
Por todos os lugares você vai encontrar a “bratwurst”, o cachorro-quente alemão, vendido em diferentes versões. Nunca custa muito mais que dois euros. Para dormir quase de graça, aposte num camping, se essa for sua praia, digo, barraca. São quase 2500 espalhados pelo país. Diárias a parir de 5 euros. Consulte este site para o caminho das pedras, literalmente.
MOMENTO EXTRAVAGÂNCIA
Vá para os Alpes Bávaros. Será seu momento Caras. A região - quase na fronteira da Áustria - é a estação de inverno da Alemanha. Atrai turistas e alemães, ambos com muito dinheiro para gastar nos hotéis chiques das redondezas. Aqui está o ponto mais alto da Alemanha – o Zugspite, com quase 3 mil metros de altitude. Para esquiar ou patinar circule pelas cidades irmãs de Garmisch-Partenkirchen, a 100 quilômetros de Munique. Encravada aos pés dos picos gelados dos Alpes Bávaros está Fussen, com castelos da Rota Romântica de fazer inveja a qualquer Cinderela.
Ó QUE CURIOSO:
O hambúrguer - este, do jeito que você conhece - nasceu na Alemanha. Tudo começou, na verdade, com povos nômades da Ásia que faziam um bife de carne crua e picada. Mas foram os alemães que resolveram fritá-los e dar a forma que vocês conhecem hoje. Foi a partir do porto de Hamburgo que aquelas carninhas redondas ganharam o mundo. Daí o nome “hambúrguer”.
UM FILME PARA INSPIRAR:
Adeus Lênin (2003).
ALEMANHA LEMBRA...
Pomerode, salsicha, Oktoberfest em Blumenau, Volks, cerveja, festival de cinema e superação.
MELHOR ÉPOCA PARA IR
Em janeiro e fevereiro faz muito frio, neva e anoitece cedo. Bom para quem quer esquiar. Já em abril a temperatura está mais amena e começam vários eventos ao ar livre. Junho,julho e agosto é verão, alta temporada. Mais quente, mas também mais caro. Em setembro começa a Oktoberfest de Munique e já estão espalhadas pelo país diversas feiras de Natal.
Site do país - www.deutschland.de
Embaixada brasileira - Chancelaria - Wallstrasse 57 - Berlim. Fone (30) 726.280, www.brasilianische-botschaft.deNA SEMANA QUE VEM, NOSSA PRÓXIMA PARADA: ESPANHA. OLÉ!
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+ 15 DICAS DA ALEMANHA
1. O Memorial das Vítimas do Holocausto, em Berlim, é um labirinto de lápides sem nome. Já foi criticado por homenagear apenas judeus. Mas ninguém sai do local incólume. Perto dali, o Portão de Brandemburgo - erguido para celebrar vitórias bélicas - hoje abriga a Sala do Silêncio (administrada pelas Nações Unidas) para que os visitantes façam reflexões sobre a Paz. Ambos gratuitos.
Foto: Memorial das Vítimas do Holocausto, em Berlim. (Igor Badalassi)
2. Para os cinéfilos, deixe agendado: o Festival de Cinema de Berlim acontece sempre em fevereiro. A capital também oferece outro evento importante: a Berliner Weisse - uma mistura de cerveja com xarope de framboesa, marca registrada da cidade.
3. No verão andar de bicicleta pode ser uma opção muito agradável - mas nem sempre a mais barata. A Faahrradstation é uma das maiores empresas em Berlim. O aluguel custa 5 euros por hora ou 10 euros por dia.
4. Adidas, Hugo Boss e JOOP! são algumas das marcas legitimamente alemãs. Aproveite para garimpar alguma oferta. Mas lembre-se: mesmo em liquidação, compras devem ser consideradas seu momento extravagância.
5. Eu não recomendo carona em nenhum lugar do mundo, mas a quem interessar possa, a Alemanha é um dos países mais organizados no quesito viagem-dedão. As centrais de carona se chamam Mitfahrzentrale. Se for seu estilo, faça a reserva pelo site, onde eles cruzam dados de interesse entre motoristas e passageiros.
5. A Alemanha tem passes de trem próprios como os Bahn Card e o German Rail Pass. São válidos por um ano e dão descontos. Caso interesse, consulte o site oficial do sistema ferroviário alemão.
6. Martinho Lutero nasceu em Eisleben, perto de Wittenberg, ambas berço do protestantismo. Vale se seu objetivo for turismo religioso ou estiver passando um mês no país.
7. A companhia aérea alemã Lufthansa tem um dos melhores serviços da Europa e oferece barbadas em passagens compradas com antecedência. Mas não deixe de verificar trechos internos nas low costs Air Berlin e Germanwings.
8. Para visitar os principais museus de Berlim compre um passe no Smb.museum por 19 euros. Vale por três dias e dá acesso gratuito a 70 lugares. Outra opção é o Berlin Welcome Card - passe para dois ou três dias. Inclui transporte nas zonas ABC e descontos que variam de 25% a 50% em atrativos e restaurantes. Custa 16 euros por dois dias e 22 euros para três dias.
9. Comida barata e fresquinha você encontra no Fischmarkt, o tradicionalíssimo mercado de peixes de Hamburgo. São muitas as variedades oferecidas nas barraquinhas, tudo acompanhada por música ao vivo aos sábados. Não paga nada pra entrar.
10. Os irmãos Grimm - famosos por suas fábulas infantis – nasceram aqui. A Rota dos Contos de Fada – 600 quilômetros com mais de 50 pontos de visitação que lembram as doidices da Chapeuzinho Vermelho,o sono profundo da Bela Adormecida e até as travessuras do Sete Anões e sua Branca de Neve. Vai de Hanau (cidade natal dos irmãos) até Bremen.
11. Em qualquer cidade peça o bretzel (o nosso pretzel, aquele pãozinho trançado), ideal para beliscar acompanhado de uma bier (cerveja). Melhor ainda se for servido com uma wurst (salsicha), que tem de vários tipos, cores e tamanhos.
12. Se Hannover estiver no seu roteiro não perca o Flohmarkt, o Mercado das Pulgas, realizado aos sábados das 7h às 16h, às margens do rio Leine, que dá um ar peculiar à paisagem. Acesso grátis.
13. Caso sua preferência seja arte contemporânea, arquitetura e design vá para Düsseldorf. Apesar de ser uma cidade antiga pouco restou da sua história após os bombardeios da Segunda Guerra Mundial. Düsseldorf está repleta de museus de arte vanguarda. E a típica cerveja preta Atlbier é fabricada aqui.
14. Em Munique circule pelo Virtualienmarkt - um mercado ao ar livre perto da praça Marienplatz - cheio daquelas barraquinhas com comidinhas típicas e baratas. É fácil encontrar caixas de framboesa por 1 euro ou salsichão por 2 euros. Experimente a ceva típica deles, a Münchener. Aberto ao público.
15. A 2 horas de trem da capital da Baviera (Munique) está Stuttgart, sede da Bosch e da Porsche. Não é uma cidade obrigatória, mas o Porsche Museum vale uma visitinha para os apaixonados pela marca. Entrada gratuita.
MUITO BOM: os quiosques Imbiss. Estão espalhados em vários pontos, por todo o país, e oferecem sanduíche e salsichão bons e baratos.
MUITO CHATO: alguns centros de informações turísticas - o de Berlim, por exemplo, cobram pelos mapas.
AMANHÃ, ÚLTIMO CAPÍTULO: DICAS DE HOSPEDAGEM E COMIDA BARATA NA ALEMANHA, MOMENTO EXTRAVAGÂNCIA E INFORMAÇÕES ESSENCIAIS!
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Foto: Portão de Brandemburgo. (Kriss Szkurlatowski)
Na minha visão ressentida com a língua portuguesa, eu diria que o maior patrimônio alemão na atualidade é o trema. Os dois pontinhos em cima das palavras dão leveza ao que, a princípio, parece impronunciável. Certo, nem só de schwäbisch, chucrute e salsicha ou Mercedes-Benz, Audi e BMW – a reconhecida indústria automotiva alemã – vive o país.
Aos olhos da história contemporânea a Alemanha deveria ser considerada o território mais importante do século 20. Foi arena de duas grandes guerras e, parece mentira, mas há tão somente duas décadas era dividida por uma enorme parede de concreto que envergonhava o mundo.
O Muro de Berlim, que separou o país em Oriental e Ocidental, foi um dos maiores golpes ao direito sagrado de ir e vir das pessoas. Passado superado, a tristeza do entorno do muro deu lugar a uma praça futurista com prédios de arquitetura quase retorcida – ponto de encontro de 10 entre 10 visitantes que aportam à capital do país.
Hoje a Alemanha - terra natal de Beethoven, um dos maiores compositores clássicos que a humanidade conheceu, tem uma narrativa moderna. É sede de um importante festival de cinema e produz as melhores cervejas do planeta, como a Kölsch, a que nunca esquenta - produzida na cidade de Colônia. Prost!
O FIM DOS ESTEREÓTIPOS
Nem todo mundo inclui a Alemanha numa primeira viagem à Europa. Aliás, nem na segunda ou terceira pisada por aqui. O país não tem o apelo das praias mediterrâneas, fala um idioma difícil (uma vogal a cada cinco consoantes!) e os alemães não são, assim, tão espontâneos como um italiano, por exemplo.
Palermices do nosso preconceito turistóide. Não nego, a Itália parece ser mais candente. Em Portugal o idioma também tem lá suas excentricidades, mas é bem mais fácil do que tentar decifrar as placas de Nurembergue.
O que você precisa saber é que as diferenças entre a Alemanha e seus vizinhos estão justamente no seu modo de perceber o país. Os germânicos celebram a história mantendo os melhores museus e memoriais do continente. Lagos e montanhas revelam paisagens únicas e rotas consagradas para passeios bucólicos e pastoris. De grandes centros a paragens provincianas sempre há uma ampla infraestrutura especialmente preparada para receber você.
O BARATO DA ALEMANHA
BERLIM - O mais atraente da cidade é a Berlim Oriental, reconstruída, renovada e na moda. Bater perna neste lado da cidade é grátis e você vai (re) viver boa parte dos acontecimentos que mudaram os rumos da História. Depois de babar na Sony Center - a praça futurista (com cafés, lojas e cinema) que deu brilho à apagada região do muro visite a cúpula de vidro do Reichstag, o Parlamento Alemão. O edifício oferece uma vista perfeita da cidade, mas como tem entrada gratuita, a fila é sempre enorme. Chegue cedo. O Centro de Documentação do Muro de Berlim (Dokumentationszentrum Berliner Mauer) retrata a história pura. São fotos e vídeos que contam a separação de famílias e a política repressiva. Entrada gratuita, fecha às segundas-feiras. Perca-se pela Unter den Linden, a rua mais famosa da cidade, construída há quase 400 anos. A capital da Alemanha está esparramada. Você vai precisar do transporte público que cobre bem toda a cidade. O bilhete diário para a zona Tageskarte AB custa 6,10 euros. Para Postdam - a Versalhes alemã nos arredores de Berlim, onde é possível conhecer o imperial Palácio de Sansoucci, compre o ABC que sai por 6,50 euros. Site da cidade: www.berlin-tourist-information.de
COLÔNIA - A cidade está a 4h30 de Berlim por trem e abriga a Dom, uma das maiores catedrais góticas do mundo e a principal da Alemanha. Além da arquitetura espetacular, os restos mortais dos três reis magos - Baltazar, Melchior e Gaspar – descansam, supostamente, num relicário de ouro guardado no interior da construção. Entrada gratuita. Para subir na torre são módicos 2, 50 euros. Site da cidade: www.koeln.de
FRANKFURT - Sempre foi a cidade da conexão. Muitos turistas fazem dela uma escala para outras cidades europeias. Não sabem o que estão perdendo. A Goethe Haus (Casa Museu de Goethe) , por exemplo, preserva boa parte da construção original onde viveu o mais famoso escritor alemão – Johann Wolfgang Goethe. Entrada a 5 euros. Gratuito às quartas-feiras. Sem contar que a cidade é sede da maior Feira Internacional do Livro do mundo - que este ano acontece de 14 a 18 de outubro. Está 3h40 de trem de Berlim. Site da cidade: www.frankfurt-tourismus.de
HAMBURGO - A tradição de Hamburgo, a 2h30 da capital do país de trem, está na força econômica. É o principal porto do norte da Europa. A cidade é bem espalhada, por isso andar a pé pode cansar, uma vez que os atrativos não estão muito próximos um do outro. Para resolver essa questão compre o Hamburg Card que dá diversos descontos nas atrações e acesso livre ao transporte público. Custa 8 euros por um dia ou 18 euros por três dias. (Mas só se você estiver fazendo uma viagem específica pela Alemanha compensa ficar mais do que 48 horas por aqui). Não deixe de visitar a Hauptkirche - a igreja luterana no centrinho da cidade. Teto com arcos, abóbodas e entrada gratuita. Site da cidade: www.hamburg-tourism.de
MUNIQUE - A capital da Baviera é o segundo destino preferido dos viajantes que vêm à Alemanha, depois de Berlim. Promove a maior Oktoberfest do mundo. A praça Marienplatz deve ser o ponto de partida para conhecer, a pé, os atrativos da cidade. Todos os dias na torre de 85 metros do Rathaus – enorme prédio neogótico da prefeituta, é encenada a dança do Glockenspiel. São 32 bonequinhos contando as batalhas e o folclore de Munique. Grátis. Ali na praça mesmo, no centro de informações turísticas compre a revista Munich City Guide por 1 euro. Nela é sempre possível descobrir algum evento, exposição ou show gratuitos. Está a 6h50 de trem de Berlim. Site da cidade: www.muenchen.de
NUREMBERGUE - Famosa pelo tribunal que julgou os criminosos de guerra nazistas, Nurembergue revolucionou a justiça internacional. Mas você não deve lembrá-la apenas por ter sido picadeiro para as imorais manifestações hitlerianas. A cidade é uma mistura de castelos medievais, muralhas, torres e igrejas. Abriga o maior museu de arte e cultura da Alemanha e os principais pontos de visitação estão em Altstadt, a cidade antiga. Os centros de informações turísticas fornecem gratuitamente um livrinho com a programação local e vendem o Nürnberg Card por 19 euros que dá direito - por dois dias – a usar todo o transporte público e entrada grátis em todos os museus. No entanto, estando em Altstadt você só precisará de transporte para conhecer o Tribunal de Nurembergue e o Centro de Documentação Nazista (entrada a 5 euros) - o maior sobre a guerra e o Holocausto e parada imperdível. Pode compensar o passe para um dia que custa 3,80 euros. Site da cidade: www.tourismos.nuernberg.de
PARA FUGIR DO ÓBVIO
Um dos roteiros mais belos do mundo para se fazer de carro está na Alemanha. A Rota Romântica é um trajeto de 350 quilômetros ao longo da Baviera. Começa em Würzburg, uma cidade forrada de vinhedos e com palácios reconhecidos como patrimônios da humanidade. Depois serão mais 27 lugarejos de cinema. Ou melhor, de conto de fadas. Castelos, monastérios, bosques, vilas, lagos emolduram todo o percurso que vai terminar em Füssen, já nos Alpes - ao sul. Para os megadispostos a rota pode ser feita de bicicleta. O caminho tem excelente sinalização e via ciclística apropriada. E durante todo o fluxo há albergues e pensões para o pouso de cada dia.
Foto: Sony Center, Berlim. (William Ramon)
SEM MARCAR TOUCA
O bom é levar euros. Mas caso chegue à Alemanha com dólares, o câmbio poderá ser feito em muitos lugares como estações de trem, ônibus e lojas especializadas. Só procure a frase Ohne Gebühr - sem taxa - escrita em algum lugar (ou tente pronunciá-la ao atendente). Verifique a cotação. Pode ser a melhor saída (ou entrada) para o seu dinheiro.
Não perca amanhã: os 15 mais da Alemanha!
E ainda: hospedagem e alimentação econômicas, momento extravagância e informações essenciais.
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ESTE É O NOSSO CONTRATO. LEIA AS CLÁUSULAS ATENTAMENTE ANTES DE SEGUIR VIAGEM.
Modelo: Viagem à Europa, motor 5.0
Cláusula primeira: nosso modelo é o popular. Simples, sem acessórios. Na proposta dos 50 euros por dia incluímos hospedagem e alimentação. Com muito esforço, ainda sobra para o passe do metrô e até
um imã de geladeira. Mas se isso causar sofrimento ou a restrição for muito severa para seu padrão, compre um modelo executivo, tipo 9.0 - e abandone esse contrato. Não queira pagar uma merreca em hotel achando que vai encontrar amenities no banheiro.
Cláusula segunda: não saia de casa se você não for bem-humorado, não sabe superar desafios e tem dificuldade em lidar com o imprevisto. O modelo 5.0 exige disposição e empenho do proprietário. Já decretamos no Parágrafo Primeiro que não existe milagre, pegadinha nem letrinha pequena no rodapé da página. Vai ter que evitar táxi, optar por hospedagens franciscanas, comer o menu do dia, ir ao supermercado, não comprar bugiganga e, preferencialmente, viajar na baixa temporada.
Cláusula terceira: o modelo escolhido prioriza atrações gratuitas, passeios a pé, água mineral, comidas típicas, criatividade e paixão. Ele serve para conduzir as pessoas na realização de um sonho. Só assine este contrato se acha que as limitações do modelo não serão um purgatório, mas, sim, uma experiência de vida para você.
Cláusula quarta: uma viagem 100% mão-de-vaca-muquirana não é recomendada pelo fabricante. Isso desgasta o motor, embaça o cérebro e o proprietário vai ter que engatar marcha-ré ou até trocar de modelo no meio da viagem. Deixe no tanque reserva um montante para seus momentos de extravagância. É mais fácil seu modelo pifar por falta de manutenção ou combustível do que por ter escolhido um restaurante estrelado para jantar.
Cláusula quinta: o proprietário não deve correr com o modelo. Em alta velocidade - três países em sete dias, por exemplo - você perde a garantia. Estabeleça prioridades. Enfiar Luxemburgo no roteiro só porque ele está logo ali, na fronteira com a França, vai consumir muito combustível e principalmente tempo - o acessório mais valioso do modelo 5.0.
Parágrafo segundo: o modelo foi devidamente revisado. Mas é bom saber que com o passar dos meses algumas dicas ficam obsoletas, bons hostels - dependendo da gerência - podem virar um moquifo e os preços, às vezes, sofrem variações consideráveis. Faça sempre o check-up de férias antes de embarcar.
MANUTENÇÃO GERAL
Habilitação: passaporte válido até seis meses antes da viagem.
Combustível: vontade, disposição, persistência e água, sempre.
Bagageiro: mala de fibra dura com rodinhas ou mochila adequada ao modelo 5.0.
Tanque cheio: café da manhã reforçado, almoço com carne, carboidrato e salada e no jantar, lanche comprado no mercado. Reposição de água constante e obrigatória.
Equipamento de segurança: para não perder a garantia, o modelo deve acompanhar seguro obrigatório com cobertura de, no mínimo, 30 mil euros.
Velocidade máxima permitida: para melhor aproveitamento do modelo 5.0 o proprietário deve escolher uma média de quatro dias para cada capital européia. Sem contar os de chegada ou de saída.
Revisão: o modelo deste contrato necessita de revisão a cada três dias de viagem. Anote os gastos, avalie onde estão as economias, escolha suas extravagâncias e volte ao roteiro.
Banco do passageiro: viajar acompanhado deixa o passeio mais barato. Ter alguém para dividir uma pizza, o quarto, um mico, o táxi (aquele único e essencial para o modelo 5.0) do aeroporto para o hotel ou o pacote de pão de forma do supermercado vão melhorar o rendimento e a potência do motor.
Acessórios: baladas, comida cara e lembrancinhas são compatíveis com o modelo 5.0, mas não vem de fábrica. O proprietário terá que pagar à parte, sem chance de reclamações posteriores no serviço de defesa do consumidor.
Caso falte alguma peça ou o modelo apresente defeito, avise imediatamente o serviço de assistência técnica: matraqueando@gmail.com
Foto: Arco do Triunfo, Paris. (Enrico Nunziato)
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Grécia - Parte 3
Holanda - Parte 1
HOSPEDAGEM
Não tenha medo de ficar em albergues da juventude. No Brasil existe um enorme preconceito com este tipo de hospedagem porque o nome remete aos tradicionais "albergues noturnos", uma rede brasileira de proteção à população de rua - que é famosa por albergar pessoas que não têm o que comer nem onde passar a noite.
Tanto os albergues independentes como os da rede Hostelling International têm um padrão a ser seguido. E ainda que exista um melhor do que o outro, todos devem ter alguns requisitos básicos: cama decente, banheiro limpo e, muito desejável, cozinha para o hóspede. Em Veneza, por exemplo - destino com hospedagem cara - o Ostelli Venezia vive lotado. Cobra 21 euros em quarto coletivo e 26 euros nos quartos de casal, por pessoa. Com café da manhã incluído. E oferece refeições por 10 euros. Interessou? Reservas com, no mínimo, três meses de antecedência.
Geralmente são chamados de hostels e em Portugal recebem o pomposo nome de Pousadas da Juventude. O que importa é que os albergues continuam sendo a opção número 1 de quem quer gastar pouco para cair duro no colchão depois de alguns museus, cinco pontes, três monumentos, quatro avenidas e duas igrejas. E não precisa nem ser mochileiro ou muito jovem para isso.
Ainda que a maioria ofereça quarto coletivo com banheiros nos corredores, muitos já têm a opção de quarto duplo ou família com suíte. É necessário ter uma carteirinha para obter a tarifa mais barata. Mas quase todos aceitam hóspedes não-filiados (que pagam um valor maior).
A maioria dos albergues da juventude oferece café da manhã na diária, mas muitas pensões e hotéis baratos, não. Em vez de pagar à parte, procure a padaria mais próxima. Pão quentinho e café com leite não devem ficar muito mais do que 4 euros por pessoa. Se você pretende se hospedar nos albergues da rede hostelling faça sua carteirinha de associado. Muitos aceitam não sócios, mas cobram mais caro por isso. Só não espere atendimento vip nem ninguém para carregar suas malas.
Se você quer aproveitar nossa dicas mão-de-vaca-muquirana, mas prefere dar um up grade na hospedagem sem ir à bancarrota opte pela redes de hotéis econômicos. São eles Ibis, Formule 1 e Etap. Para um Bed & Breakfast - estilo de hospedagem que me faz lembrar as (boas!) pousadas brasileiras, em que o dono muitas vezes mora no lugar tente o Eurocheapo.com.
TRANSPORTE
Analise e compare seu roteiro cidade a cidade. Se necessário, compre o cartão de múltiplas viagens do metrô. Fica muito mais barato do que comprar bilhete único. Antes disso, avalie se não é possível fazer os principais passeios gastando a sola do sapato – alerta – que deve ser muito confortável. Às vezes, pela localização do seu hotel, compensa comprar tickets avulso.
Muitas cidades vendem passes que integram todo o transporte público. Em algumas capitais, por exemplo, compensa pegar os coletivos municipais - fora do horário de rush, se faz favoire, para - digamos - um city tour autônomo. Apenas para citar dois exemplos, em Lisboa suba no bondinho nº 28. Ele circula pelos principais pontos turísticos num trajeto charmoso e muito típico. Já em Berlim aposte nos ônibus nº 100 ou nº 200. Percorre muitos dos cartões postais da capital da Alemanha. Por duas horas você pode subir e descer do ônibus - indo na mesma direção, com uma única passagem. Tanto um quanto o outro não deve custar mais do que 3 euros cada.
ALIMENTAÇÃO
Vá ao supermercado local e garanta o melhor lanche internacional que seu bolso pode comprar. Baguetes, queijos, salames e até vinho de primeira você encontra nas grandes redes ou mercadinhos de esquina em qualquer capital européia. Na Alemanha pergunte pela rede Aldi Markt, na Espanha conheça o econômico Alcampo. (O El Corte Inglés é uma delícia, só que bem mais caro). Na França vá de Auchan (além do Carrefour - um pouco mais salgado, também lá !).
Na Holanda não deixe de passar no baratíssimo SPAR. Hoje mesmo no site deles é possível ver as seguintes ofertas: Pepsi 1,5 litro por 2,39 euros, salame por 0,89 euros, pão de forma por 1,39 euros e um quilo de laranja/mandarina por 1,49. Lanche completo, com direito à sobremesa por 6,16 euros para, no mínimo, TRÊS pessoas. Sei não, mas tô começando a achar que 50 euros por dia é muito. Rá. Na Inglaterra abuse da rede Tesco, uma opção aos carésimos mercadões locais.
Sem falar nas comidinhas típicas: crepe na França, moussaka na Grécia, pizza na Itália ou salsichão na Alemanha. Fuja dos restaurantes pinhocados de gente próximos aos pontos turísticos. Sei, a fome dispara bem na hora em que você pensava em procurar um recinto digno da sua verba diária.
Mas controle-se, ande umas quadras a mais, saia do burburinho... e fez-se a luz! Vai ter coisa boa para comer pela metade do preço. Peça o menu do dia. Geralmente inclui entrada (sopa ou salada), um prato principal (carne ou massa) e a sobremesa. Quando não muito vem uma taça de vinho ou água, na faixa. Pode variar de 7 a 15 euros.
Foto: prato principal do menu do dia no restaurante Osteria i'Brincello, em Florença. (Via Nazionale, nº 110. Tel.: 055 282645). Antes veio uma massa, depois teve sobremesa e a bebida (vinho ou água) era por conta da casa. Quanto? 12 euros por pessoa. (Matraca's Image Bank)
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Compre um bom guia de turismo sobre a Europa. Não, lamento informar, mas esta série que você está lendo não é um guia. Pelo menos não daqueles tradicionais, cheio de mapinhas, imersão histórica e listados completos de museus e restaurantes. Você tem em mãos uma espécie de manual de sobrevivência, onde encontra – de forma prática e resumida – dicas e sugestões para otimizar sua viagem gastando pouco. Já o guia tradicional vai ajudar na visualização da viagem e na deliberação de prioridades. Saber o que é essencial ou acessório no velho continente pode fazer uma grande diferença no seu orçamento.
Planeje com antecedência. Se você é daqueles que não conseguem visualizar o que vai fazer daqui a seis meses corre o risco de pagar bem caro por uma viagem que podia custar muito menos. Hospedagem decente e econômica, por exemplo, lota rápido. Saber economizar na diária do hotel – sem precisar ficar na classe pau-de-arara – é uma das senhas da Europa a 50 euros.
Viaje fora do período de férias – tanto deles como o nosso. Na baixa temporada você tem alto poder de barganha nos hotéis e possibilidade de ganhar up grade nas companhias aéreas. Além do que, vai enfrentar menos filas nos principais pontos turísticos, economizando tempo - seu bem mais precioso numa viagem.
Procure um escritório de informações turísticas. Geralmente eles estão bem localizados nas grandes cidades, próximos aos principais pontos de visitação. Pegue mapas e folhetos explicativos. Munido de informação é mais fácil fazer charmosos passeios a pé. Que são grátis!
Faça um bom seguro internacional de saúde. Com cobertura mínima de 30 mil euros. Além de ser exigência para entrar em muitos países europeus, nunca se sabe o que vai acontecer. Será o investimento mais barato da viagem. Sem um seguro, quatro horas internado tomando soro pode custar o dobro do que você pretende gastar em uma semana de hospedagem.
Leve pouca bagagem. Ou você pretende arrastar 20 quilos escada abaixo nas estações de metrô? Quem leva muita coisa acaba pedindo arrego e só quer saber de táxi. Dependendo do trajeto, a corrida fica mais cara do que três dias de almoço.
Nunca troque dinheiro nos aeroportos. Você vai perde no câmbio. As diferenças de taxa podem chegar a 10%. Se possível, já saia do Brasil com euros - a moeda corrente em todos os países visitados nesta série, menos a Inglaterra. Leve algo de trocado para as primeiras despesas e, pelo menos, um cartão de crédito internacional. O Visa Money pode ser bem interessante. É um cartão de débito pré-pago. Você compra em casas de câmbio aqui no Brasil, coloca o valor carregado com dólares americanos, euro ou libra. É uma espécie de banco particular que permite saques e compras, mas cobra uma taxinha de US$ 2,50 por cada transação efetuada.
Use lavanderias automáticas. Nem pense em lavar alguma peça nos hotéis ou mesmo nos hostels. Na Europa existem lavanderias automáticas em cada esquina. Elas parecem difíceis de operar. Mas – garanto – vai ser mais simples do que entender o metrô de Londres, por exemplo.
Não use o telefone do hotel nem faça ligações usando o cartão de crédito. Para ligar para a casa abra uma conta no Skype – skype.com. Em qualquer cyber café você poderá fazer ligações do computador a um telefone fixo ou celular pagando uma tarifa simbólica. E se a chamada for de computador para computador, sai de graça. Você só paga o tempo que ficar no cyber. Se preferir, por 5 euros compre cartões de telefone internacionais. Caso seu celular seja GMS, adquira um chip local.
Evite compras se não quiser estourar o orçamento. Uma bugiganga aqui e um balangandã acolá no final da viagem podem custar caro. Souvenires? Existem muitas coisas que custam pouco. Sou adepta dos imãs de geladeira que representam o lugar visitado. São baratos e não pesam na mala.
Foto: vitrine de uma cafeteria de Sevilha, na Espanha, onde sempre é possível tomar um café e comer um docinho por menos de 5 euros. (Matraca's Image Bank)
Agora, conte pra nós: QUAL É SUA DICA DE ECONOMIA NO VELHO CONTINENTE?
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