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Cresci com as viagens. Ainda falta muito para chegar ao Nirvana, admito. Mas cresci. Ampliei horizontes, melhorei conhecimentos, adquiri novas habilidades, aprendi outros idiomas, vivenciei a diversidade, encontrei a tolerância.
Amadureci. Tenho algumas crises, verdade. Mas amadureci com as viagens. Conheci pessoas, ignorei o preconceito, experimentei o desconhecido, reconheci minha insignificância, desenvolvi um certo bom senso, fiquei mais humilde.
Progredi. Nada, nem de longe, comparado a um lama tibetano. Mas progredi. Parei de reclamar, aproveitei oportunidades, explorei caminhos, avancei sobre minha mediocridade, recuei quando a persistência virou teimosia e até melhorei meus parcos conhecimentos em geografia.
Poucos se dão conta. Mas viajar exige muito. Custa caro. Demanda tempo e, fundamentalmente, força de vontade. Eu mesma, apesar de todas as obras de melhorias, ainda não me animo muito com trilhas, campos de golfe e rapel.
Qualquer viagem envolve um processo dinâmico de estruturação, pesquisa e organização. Requer percepção ativa (por exemplo, se não gosto de neve não devo ir a Chillán, apesar do apelo da Revista Caras...) e promove atitudes objetivas que nem de longe teríamos se permanecêssemos "vegetando num cantinho do planeta a vida inteira", parafraseando Mark Twain.
Encare suas férias, por exemplo, como um projeto empresarial. Não, não vai ficar chato. Vai ficar melhor. Compreenda que quando engajamos a ação de ir e vir nos envolvemos em vários departamentos como o administrativo (quem vai organizar?), o financeiro (quem vai pagar a conta?), o logístico (como vou me locomover?), o de marketing (para quem vou mostrar minhas fotos?), o de recursos humanos (quem vai comigo?) e o de comunicação (como faço para abrir um blog e contar para o mundo o que vi e vivi?). E todo o conhecimento que vem antes, durante e depois da viagem fica para o resto da vida. Como:
TOMADA DE DECISÃO
A escolha do destino adequado, de acordo com seu tempo disponível, conforme sua renda e moldada aos seus gostos e preferências talvez seja o momento mais difícil do processo. Analise (e descarte) opções, peça a opinião dos outros, se necessário. Siga sua intuição. É julho - você não gosta de frio - mas está todo mundo indo a Campos do Jordão. Ora, voe para o Maranhão. Talvez ainda dê tempo de ver as lagoas dos Lençóis Maranhenses.
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
Defina seus objetivos. Selecione os programas do passeio. Leve em conta as variáveis: sol, chuva, calor frio, montanha, praia, cidade pequena, cidade grande. Considere os pontos positivos e negativos do lugar. Busque oportunidades: vá aonde ninguém quer ir.
TRABALHO EM EQUIPE
Não fale mal de ninguém, nem de lugar nenhum. Mesmo que você viaje sozinho precisará de pessoas. Pessoas para dar informação. Pessoas para compartilhar uma roubada. Pessoas para dividir uma mesa. Quando se viaja acompanhado, o trabalho é dobrado. Seja tolerante, respeite os limites dos outros, ofereça ajuda e esteja preparado para o imprevisto. Na verdade, os imprevistos são testes. Resta saber como você passará por eles.
SUPERAÇÃO DE DESAFIOS
Quem não viaja, geralmente tem sua desculpa: falta de tempo, de dinheiro, não gosta. Mas na minha opinião, quem não viaja, tem medo! Medo do desconhecido. Não sabe arriscar e foge do que não pode dominar. Acredite, as viagens são boazinhas. E até aquelas que não saem exatamente como você planejou têm seu valor. Quando você erra, invariavelmente, aprende!
LIDERANÇA
Seja líder da sua viagem. Aprenda a conduzir seu roteiro - e a readequá-lo ou revê-lo, se isso for imperativo. Influencie positivamente seu acompanhante. Motive seu grupo. Não fique mal humorado, nem desconte em ninguém o excesso de curry do almoço. Seja justo e saiba ouvir. Dê exemplos de respeito, disciplina e compromisso com o projeto.
RESILIÊNCIA
Resilientes são capazes de vencer dificuldades, de aprender com a adversidade e - através de soluções criativas - de superar qualquer problema. Repito, viajar não é fácil. Perde-se o passaporte, o trem, o avião. Dá overbooking. O hotel - que custou os tubos - tem barata. A comida - naquele restaurante estrelado - está sem sal. Chove sem parar. Dá diarréia. Ou enxaqueca. Supere e pronto. Ria da situação e acredite que faz parte. Lembre-se, você não precisa servir de lição. Mas pode ser exemplo para muita gente.
Depois da nossa microssérie viajando de trem, passando pelas cidades históricas e descendo a Estrada da Graciosa muitos deixaram comentários perguntando qual a melhor época para ir. E tem gente que já decidiu: a Priscila vem no feriado do dia 21 de abril e a Nair pensa em fazer a rota, quiçá, no primeiro de maio.
A única recomendação é: antes da viagem confira os sites de meteorologia. É que se chover ou a previsão for de neblina boa parte do passeio se perde. No caso da chuva, fica impossível transitar pelas cidades históricas e o bonito do casario vai rio Nhudiaquara abaixo.
Se a opção for conhecer a Serra do Mar de trem redobre a atenção. A viagem de ida acontece pela manhã, horário predileto dos nevoeiros. Portanto se o tempo não ajudar fica difícil ver qualquer coisa através das janelinhas dos vagões. O que significa que a paisagem - um dos pontos altos do passeio - fica para a próxima.
Alguns sites para consultar sobre o tempo - que vai ajudar, inclusive, em outras viagens:
Weather Brasil
É meu preferido. Ele dá a previsão (entenda, falei PREVISÃO...sempre pode haver surpresinhas, mas quase sempre acerta) com até 10 dias de antecedência.
ClimaTempo
Gosto deste também. Além de fazer as previsões é uma espécie de portal de notícias sobre o tempo.
Simepar
É o site de meteorologia do Paraná. Traz previsões de todas as cidades do estado inclusive as pequenininhas como Antonina e Morretes. O que não acontece nos outros.
Foto: Raul Mattar
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Estrada da Graciosa
O matraca-móvel não perde nenhuma oportunidade. Aparece uma via diferente, uma rua inusitada ou um beco sem saída... e lá vai ele. Imagine, então, ter a poucos quilômetros de casa a Estrada da Graciosa, uma antiga trilha traçada pelos tropeiros para abrir um caminho entre planalto e litoral.
Isso quer dizer que para chegar às cidades históricas do Paraná não é preciso pegar o trem, necessariamente. Nem descer pela BR 277 - pagando R$ 12,50 de pedágio. A melhor opção é usufruir desse pequeno e fofo trajeto.
A estrada passa por um trecho preservadíssimo da Mata Atlântica. É cheia de riachos, cachoeiras, bichinhos e flores. É tão importante para a biodiversidade que parte dela foi declarada pela UNESCO como Reserva da Biosfera.
A Estrada da Graciosa começou a ser construída no século 17 e durante muito tempo permaneceu como importante rota de escoamento da produção agrícola do Paraná em direção ao porto de Paranaguá. Ao longo da rodovia (sim, tecnicamente é chamada de Rodovia PR 410) existem sete recantos, com boa estrutura de lazer.
Há churrasqueiras, mirantes, banheiros e barraquinhas de comes e bebes. Mesmo assim, alguns preferem trazer o almoço de casa. (Eu mesma, confesso, já vim uma vez com marmita para cá!). Apesar do alvoroço que se forma aos domingos - todo mundo tem a mesma idéia que você - o passeio é sossegado.
Quem quiser aproveitar as churrasqueiras deve ir cedo. Antes das 9h da manhã já está tudo lotado nos fins de semana. E não precisa nem ser alta temporada.
Faça a primeira parada no Recanto Engenheiro Lacerda. Em dia de céu limpo é possível ver a baía de Paranaguá. O matraca-móvel, por exemplo, sofre da síndrome do parodrómo. Ele vê uma plaquinha, com uma vendinha e um quiosquinho e... já é motivo para desligar o motor e apreciar.
Há muitos trechos com curvas fechadas e um bom pedaço é de paralelepípedo. O antigo traçado da estrada serviu de caminho para índios, mineradores e jesuítas. Mais tarde os tropeiros substituíram a estrada pelo Caminho de Itupava (que merece um post só para ele) - que eu já fiz a pé! Foram 22 quilômetros de Quatro Barras a Morretes subindo e descendo morro. Mas eu ainda não era moça séria.
No último recanto está o Parque Mãe Catira, onde ficam concentrados os visitantes que querem tomar banho no rio.
Mesmo com muitas paradas o passeio é rápido. No fim do caminho aparece o município de São João da Graciosa, que está a 13 quilômetros de Morretes. É o melhor lugar para comprar pimenta artesanal e comer pamonha da terra. Mais adiante, já sabe, tem Morretes e Antonina. Na verdade, quando você pensa que a viagem acabou ela só está começando.
Fotos: Raul Matar
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Antonina sobrevive do turismo e dos grandes eventos realizados na cidade. Mesmo assim as opções de hospedagem são poucas. Caso queira passar uma noite aqui, anote:
Hospedagem muquirana
Hotel Capelista
Fica a 3 quilômetros do centro, tem estilo pousada. É simples, mas tem qualidade no atendimento (os donos moram lá), internet banda larga e estacionamento. A partir de R$ 65,00 - quarto de casal.
Hospedagem classe média
Pousada Laranjeiras
Uma graça! Localizada no centro histórico (em frente à Igreja de São Benedito), tem jardins floridos e quartos com decoração temática. A partir de R$ 120,00 o casal, com delicioso café da manhã.
Momento extravagância
Hotel Camboa
Fica num prédio histórico do século 18. Tem piscina, sauna, lareira e laguinho de peixes. Em um pedaço do complexo estão as paredes de ruínas de antigas construções da cidade. Tem diárias a partir de R$ 170,00 o casal. Mas a extravagância está na suíte com vista para o mar: R$ 350,00 para dois, com café da manhã.
Foto: detalhe do Hotel Camboa, que tem um anexo formado por paredes de ruínas. (Raul Mattar)Posts relacionados
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De trem pela Serra do MarEstrada da Graciosa
Não minta. Nem negue o passado. A bala de banana de Antonina já fez parte da sua vida e, consideravelmente, do seu estômago. É um espécie de 7 Belo do Paraná. Só que infinitamente melhor. Quem come uma... quase sempre acaba com o pacote. Elas têm fama por aqui, mas já chegaram a vários estados brasileiros por meio da Indústria Soter, que fabrica o docinho há quase 35 anos.
No meu tempo eram vendidas na cantina do colégio estadual Hugo Simas em Londrina, onde cursei todo o ensino fundamental. Da última vez comprei um pacote - em Morretes! - de meio quilo por R$ 5,00. (Em Antonina é possível encontrar na loja de artesanato do mercado municipal.) Ali, rodeando as barraquinhas, escutei uma moça falando: "essas balas de banana são do tempo da minha vó".
E pensei: será que ela está falando de mim? Hã!
Fotos: Raul Mattar
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De trem pela Serra do Mar
Estrada da Graciosa
Não dá para entender. A 14 quilômetros de Morretes temos Antonina - que já foi uma das maiores sedes portuárias do Brasil. Ela tem o melhor carnaval do Paraná, um Festival de Inverno descolado, casario de cores fortes, ruínas seculares e também serve o Barreado, tradicional na gastronomia do estado.
Mesmo assim, é bem mais acanhada no quesito número de visitantes. Enquanto Morretes ferve aos domingos, Antonina se mostra pacata em meio a 300 anos de história e construções coloniais. Nos fins de semana (quando não há eventos), a maioria das lojas fecha e nem a reforma no Mercadão Municipal alavancou o turismo local.
Para começar a Estação Ferroviária de Antonina está desativada. Quem fizer o passeio de trem até Morretes deve pegar lá um ônibus metropolitano da Viação Graciosa para chegar até aqui. São 40 minutos de viagem. O bilhete custa R$ 3,20. O prédio da estação foi erguido em 1916 e passou por uma grande restauração. Hoje abriga um espaço cultural e Centro de Apoio do Turismo e Esporte.
A cidade viveu seu tempo áureo no Ciclo da Erva-Mate, no século 19. Ruínas de um antigo depósito da erva oferecem uma vista charmosa da Baía de Antonina. Ah, e mais essa: por aqui tem mar! Pena que o trapiche, próximo à Praça Feira-mar, esteja interditado há quase dois anos e embora uma placa do governo instalada no local prometesse o fim da obra para fevereiro, o acesso continua bloqueado.
Com calçadas de pedra, Antonina tem patrimônio tombado, uma tentativa de preservar - além da história - a memória do lugar. O pequeno município de 20 mil habitantes é também berço de diversas manifestações populares e folclóricas como o Fandango.
Aproveite para gastar todos os gigas do seu cartão da máquina fotográfica aqui. Se você pegar um fim de tarde ensolarado vai presenciar a cidade paranaense mais fotogênica do litoral. É o típico caso em que os detalhes fazem a diferença.
Conheça a igreja matriz, vislumbre o colorido sem precedentes dos casarões. Mas não se anime muito com o mercadão municipal. Parece pegadinha. O mercado - que como qualquer outro do gênero deveria ter frutas, legumes, lojinhas e iguarias - tem apenas UMA loja de artesanato, UMA mercearia, UM restaurante e... só! Todos os outros espaços estão disponíveis para locação. Desde 2007!
O que recomendo é passar pelo mercado, no único restaurante do local - o Cantinho de Antonina - para comer o pastel de siri. Custa R$ 3,00 e a vista para a baía sai de graça!
Fotos: Raul Mattar - menos as do mercadão e do pastel que pertencem ao Matraca´s Image Bank.
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