sexta-feira, 24 de abril de 2009

Quero viajar com meu bebê, será que devo?



Depende. Se você acha que essa série vai ser um tratado de incentivo aos pais para que saiam pelo mundo a torto e a direito, enganou-se.  A decisão de colocar o bebê na mala deve levar em consideração algumas variáveis: idade da criança, destino, dinheiro e, principalmente - e muito principalmente - disposição. Alguma coisa já aprendi: quando a Mariana vai junto, meus movimentos (e raciocínio) ficam mais atrapalhados. O excesso de bagagem (aquela malinha de mão em que a gente leva o quarto do neném junto) estorva muito. Já o carrinho - que deveria facilitar as coisas - emperra no primeiro paralelepípedo.

Antes de decidir levar o bacuri para um passeio a mais de 100 quilômetros de casa, pense: porque quer viajar com ele? Carece descansar? Precisa sair da rotina? Necessita dormir? Pergunto: qual a sua real necessidade? Você é viajante compulsivo e agora o bebê deve ser incorporado a sua realidade? Tsc, tsc, tsc. Lamento informar, mas seja lá qual for sua resposta, entenda de uma vez por todas: você é que terá que se adpatar a realidade dele. Isso é respeito, consideração e responsabilidade. Além do que, não é nada tão cabeludo assim.

Há quem diga que não levaria o filho à praia antes dele completar dois anos - ou mais. Respeito. São os pais - e mais ninguém - que devem tomar a decisão do que acham melhor para o filho. Cada família é única e possue códigos distintos.  São visões diferentes. Ponto de vista é algo a ser acatado. A Mariana, por exemplo, se abalou com seis meses para Bombinhas e posso garantir: o sol das 10 horas da manhã de lá é mais suave do que o das oito em Maringá, terra natal dos avós paternos. E convenhamos: ninguém ficou lagarteando o dia inteiro na areia.

Todos os horários foram respeitados. Papinha na hora certa. Soninho da tarde garantido. Passeio pela orla depois das 16h. Visitamos as redondezas de carro para variar. Muitas fotos - que ela vai adorar ver e compartilhar - para comprovar como a viagem foi cheia de estímulos, risadas e carinho. Antes disso, meu bebê - com 50 dias - viajou pela primeira vez de avião. Fomos para Londrina visitar a Vó Iolanda que estava bem doentinha e eu tinha medo de que a Mariana não conhecesse a bisavó. Decisão mais acertada impossível. Uma viagem tranquila, sem sobressaltos.

Quatro meses depois a Vó Iolanda (que ainda viu a Mariana mais uma vez) foi fazer um mochilão pro céu. Se eu tivesse escutado aqueles conselhos suspeitos e incertos de que tudo parecia arriscado, de que não deveria ir... não teria me perdoado nunca! Conhece aquele ditado chinês: o pessimista reclama do vento, o otimista espera que ele mude, o realista ajusta as velas. Capisci?

Entenda como isso é pessoal: o Jorge e a Tati levaram a Clarinha com três meses para a Europa. Móóórri de inveja! Mas não faria o mesmo. Nem de longe me passou pela cabeça que a viagem não seria viável para um bebê. Com organização e inteligência, você pode levar a criança, acredite, até para fazer um safári na África. O detalhe é que meus euros são caros demais para gastá-los a maior parte do tempo dentro do quarto de um hotel ou com táxi para cima e para baixo. Então prefiro ir quando ela estiver maiorzinha... ou houver mais cascalho! O que não me impediu de acompanhar os relatos fascinantes dos pais da Clara.

Existem viagens que são feitas e pensadas para crianças. Temos a Disney, os Beach Park da vida, os resorts, os hotéis-fazendas e produtos afins. Mas não existem viagens proibidas para crianças. Leve seu bebê para onde quiser e for conveniente ao seu bolso e vocação. Cabe a você proporcionar a estrutura mínima e necessária para não colocar em risco nem causar qualquer sofrimento a ele. Já o Fernando e a Ana Paula levaram o João - na época com 10 meses - para uma viagem pela América Latina: Argentina, Bolívia, Peru, Equador, Chile - com Deserto do Atacama incluído. Meu sonho de consumo. Seguramente muitos falaram aí, que horror! Deserto? Vulcão? Equador, onde fica? Gente, tá na hora de ler o Estadão. Open mind!

Nossos amigos, Cassiana e Ualid, recentemente fizeram uma viagem também para o Chile e foram de Santiago a San Pedro de Atacama de carro. Com duas crianças, uma de cinco e outra de dois anos. Pena que eles não têm blog, mas os relatos que recebi no e-mail se assemelham aos de qualquer outra viagem (tratando-se de estrutura e conforto), com o diferencial de que eles estavam entre vicunhas, geiseres e paisagens lunares. Ah, e o Gabriel e a Sofia puderem comer empanadas com queijo de cabra num povoadinho, descendo do Altiplano. Desculpe, mas se você não tem coragem de enfrentar o que parece improvável para um bebê, não critique nem se corroa. Vá para o primeiro hotel-fazenda e seja feliz. Para o bebê o que importa é estar com os pais. O destino passa a ser um detalhe.

Foto: Mariana, preparando-se para o inverno. Curitibano, europeu ou santiaguino. Não importa, porque frio é frio em qualquer lugar do mundo.
(Raul Babâo Mattar)

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12 comentários:

  1. Tô contigo e não abro, cada um deve decidir sem stress e sem cobrança o que fazer e quando fazer!
    Turomaquia se retira de sua temporada brasileira, já com muita saudade de encontrar a família Matraqueando!
    Beijos

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  2. E Mariana é essa boneca de olhos de jabuticaba? Ai, quero uma igual! :)

    Bem, não tenho filhos, mas pelos anos de observação das visitas de bebês à minha casa, o fator disposição é essencial. Sempre fiquei cansada só em olhar a quantidade de tralhas que uma mãe sozinha, ou acompanhada é capaz de carregar numa simples visitinha à família por conta do sua/seu pequerucha/o. Minha mãe sempre me conta que nunca lhe faltou disposição, comecei a ir à praia desde muito bebezinha e daí fiquei viciada, culpa dela. :)

    Pra mim, o sortudo, nas viagens, será sempre o/a bebê, as mães, Heroínas!

    Beijinhos

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  3. Sílvia, olha eu de volta!

    Pois é... você foi felicíssima ao dizer que quem sabe o que é melhor para os filhos, são os pais. Afinal, são eles que conhecem o ritmo, a rotina e o que deixará sua criança mais feliz.

    Beijos!

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  4. PATRÍÍÍÍCIA: quase chorei quando vi seu e-mail... entrei no Turomaquia e vi no twitter que você já estava em São Paulo. Eu sou muuutio burra, sei lá que dia você falou que ia embora, mas para mim era domingo agora!!!! Putz, até tinha comprado uma lembrança para você (mas que NÃO ia pesar na mala...hahahaha) Te amo, amiga, vai com DEUS, muito sucesso! E nos falamos quando você chegar à Espanha!

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  5. CRIS: a gente fala igual aqui em casa, olhos de jabuticaba,é a nossa Betty Boop! Bjs!

    RÊ: o que não falta é gente dando pitaco na vida dos outros, né! Deixe cada um levar o filho para onde quiser! Bjs!

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  6. Issos olhos o vêem todo e observan com atenção as coisas...lindos, lindos!!! Os filhos nós ensinan a ver a vida desde outra perspectiva.
    Um saludo
    Carmen

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  7. fernanda freitas braga27 de abril de 2009 às 10:11

    Que linda a Mariana, to apaixonada.
    Meus filhos sempre viajaram comigo para todos os lugares. Viraram verdadeiros mochileiros.
    Beijos pros tres.

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  8. Carmen: tudo o que eu pedi a Deus, uma filha "zoiúda", que em espanhol seria mais ou menos com "ojos grandotes". Besos!

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  9. Fernanda: comigo também vai ser assim. Está no sangue! heheheheh!

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  10. Silvinha!!!
    É com muita vergonha admito que fazia muito tempo que não acessava o matrequeando. Mas tudo bem, vou me atualizar nas próximas horas e ver tudo que perdi nesse período de matraqueanda desgarrada.
    Ai... como a Mariana está linda!!!
    beijos pra você

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  11. Parabens Sr Silvia ...
    Post incrivel , muita informação util ...
    Parabens

    Ps* Desculpa tanto tempo sem post aqui , o webmaster do Hotel Panamby anda muito ocupado

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  12. Parabéns ... você resumiu tudo o que penso em viajar com crianças ... Acabo de voltar de Paris com minha filha de 1 ano ... foi uma delícia ... acordavamos cedo mas só consegiamos sair as 10 e meia (as vezes esperando ela acordar do cochilo matinal) ... passávamos o dia na rua e só voltávamos pro hotel as 20h, depois de jantar ... Maria Luiza (o nome da minha gatinha)se comportou muito bem ... adorou os pombos e o sena (praticamente só usamos o batobus) ... com um carrinho de bebe deu pra flanar a vontade ... ela tirava seus cochilos e nós curtíamos a cidade, um cafe, um museu ... quando acordava, corria atras de mais pombos, comia e olhava pro alto com carinha de boba, talvez admirada com a beleza dos prédios, monumentos, igrejas ... respeitando o horário do sono e da comida, tudo vai da certo .... Thiago

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