domingo, 2 de março de 2008

O Rio de Janeiro, fevereiro e março...

Quando leio reportagens sobre o Rio de Janeiro – a cidade mais visitada do Brasil – acho graça dos jornalistas que ficam tentando mostrar “o Rio que ninguém conhece”. É mesmo muito difícil falar de um lugar que todo mundo (sambista, poeta, cronista e autor de novela) já cantou ou mostrou em verso e prosa. Ora, mas o que seria de uma visita à capital fluminense se não fossem o Arpoador, a Lagoa Rodrigo de Freitas, o calçadão de Copacabana, os Arcos da Lapa, a Confeitaria Colombo, o Maracanã, a Candelária, a Floresta da Tijuca, o Mosteiro de São Bento, a Ilha Fiscal, aquele monte de praia (Ipanema, Leblon, Barra da Tijuca e Grumari), o Pão de Açúcar e o Cristo Redentor!
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Não adianta: se você vem pela primeira vez a um lugar tem de confirmar todas as expectativas que encontrou nos guias e, hoje – mais precisamente – nos sites de turismo espalhados pela net. Se for a segunda visita volte àqueles pontos de que mais gostou na primeira. É no caminho que você acaba descobrindo as novidades. O Rio de Janeiro é suave, afetuoso, engraçado e tem, de fato, “um doce balanço a caminho do mar”. Não, ele não é diferente do que mostram nossos últimos filmes que ganharam prêmios mundo afora.

Existe o lado complicado, é verdade. Mas veja, estou sugerindo que você vá fazer turismo (entende-se por fazer turismo – entre outras coisas – algo como percorrer lugares que despertam interesse e curiosidade) e isso pode incluir até o famoso Favela-Tour. A excursão antropológica mais inusitada que já vi é chamada de experiência educativa que busca uma perspectiva mais profunda da sociedade brasileira, segundo o criador do passeio, Marcelo Armstrong.

Então, como estava falando, acho graça dos jornalistas que tentam mostrar, a todo custo, lugares que ninguém nunca foi, viu ou ouviu falar – ainda mais quando o destino é um dos mais famosos do mundo. O detalhe é que eu sofro da mesma síndrome dos meus colegas de trabalho: fico tentando selecionar o que poderia ser surpreendente e inesquecível para você, sem me dar conta de que os pontos turísticos óbvios muitas vezes são os mais surpreendentes e inesquecíveis da viagem. Mas para não perder o costume aqui vai uma listinha do que considero delicioso no Rio – ATENÇÃO – depois de passar por todos aqueles lugares do primeiro parágrafo.
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*** Tomar café da manhã na Confeitaria Colombo do Forte de Copacabana. Para entrar tem de pagar R$ 2,00 (o que dá acesso somente às áreas externas) e R$ 4,00 para o tour completo. Independente do café vale a pena visitar a construção, lugar do dramático Movimento Tenentista, em 1922. (Há outra unidade da confeitaria no centro da cidade que – fundada há 114 anos – foi ponto de encontro de Villa-Lobos, Chiquinha Gonzaga, Rui Barbosa e Olavo Bilac.) A matriz é mais famosa, vale conhecer as duas, mas o Café do Forte tem um agravante: vista para praia e Morro da Urca.

*** Atravessar a ponte Rio-Niterói para visitar o Museu de Arte Contemporânea de Niterói. Em forma de disco-voador, o prédio foi projetado por Oscar Niemeyer, de onde se tem – desculpe – a melhor vista do Rio de Janeiro.

*** Passar pela Feira de São Cristóvão, uma feira nordestina que ocupa 32 mil metros quadrados dedicados à culinária, música, artesanato e danças típicas do Nordeste. Apresenta, também, poetas populares, repente e literatura de cordel. Certo, eu sei que você está no Rio e quer ver samba e bossa-nova. Mas eu não resisto a uma feirinha.

*** Conhecer o Museu do Bonde, no bairro de Santa Tereza. Uma caminhada pelo bairro (de dia) já é uma delícia e o museu tem uma exposição permanente com a história do bonde no Rio de Janeiro, com relógios registradores de passagens, uniformes antigos de condutores e até um vagão de 1907. Uma gracinha.
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*** Tirar uma foto ao lado da estátua de Carlos Drummond de Andrade, no fim do calçadão da praia de Copacabana. Todo mundo tira, porque você também não pode pagar esse mico? Não, engraçadinho, essa da foto acima não sou eu. Quando estive lá, a cidade recebeu aquela exposição constrangedora, a Cow Parade, em que artistas fazem suas criações e releitura em cima do pobre animal.


*** Ir de trem ao Morro do Corcovado – onde está o Cristo Redentor, o cartão postal do Brasil. A paisagem é linda, o Cristo – goste ou não – é uma das 7 maravilhas do mundo e a visita, obrigatória. Mas chegar até lá pela centenária Estrada de Ferro do Corcovado faz a diferença. O Trem do Corcovado, que já levou reis, príncipes, presidentes e artistas, é também um passeio ecológico: atravessa a maior floresta urbana do mundo – o Parque Nacional da Tijuca, um trecho ultra preservado da mata atlântica.
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Fotos: Raul Mattar

6 comentários:

  1. Silvinha, eu também adorei passear pelo bairro de Santa Tereza e ir de trem ao Corcovado. Isso já faz muuuuito tempo, não sei se faria isso hoje d enovo. Aqui nos Estados Unidos quando chegam notícias do Rio não são nada animadoras. A violência assusta. É verdade tudo o que dizem? Quero passar as ferias de dezmebro no Brasil e quero levar meu marido para conhecer o Rio de Janeiro, mas fico pensando se será possível. O que você acha?
    Abraço.
    Malu, Flórida.

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  2. Malu!

    É muito complicado falar de violência em lugares altamente turísticos como o Rio. Como você vê, estou aqui: não levei nenhuma bala perdida, não fui assaltada e até pude fazer algumas caminhadas (de dia, porque não sou trouxa!) pelo calçadão da praia de Copacabana. Mas, existe, sim uma tensão social. Acho que não se pode facilitar. O Rio é uma cidade perigosa como tantas outras capitais do Brasil. No entanto, acho que se você se restringir aos lugares bem turísticos, não usar jóias, esconder a máquina fotográfica... enfim tomar aqueles cuidados "básicos", não haverá problema. É um passeio que vale a pena, seu marido vai gostar!

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  3. Silvinha!
    Sou completamente apaixonada Rio de Janeiro, tenho amigos que moram la e sempre dá dou uma fugidinha para levar os nativos (meus amigos) fazer turismo. Ainda tenho algumas metas turísticas como Igreja da Penha (ainda não consegui convencer ninguém a me levar lá) e o Arpoador (total descaso da minha parte), mas tenho duas dicas imperdíveis que não constam na sua relação e valem a pena conhecer: Palácio do Catete (quarta-feira entrada franca) e não me lembro o nome do lugar (acho que é Pedra Bonita) que é o lugar onde as pessoas saltam de asa delta na praia de São Conrado, ainda não fui no Museo em Nitério, mas para mim aquele lugar tem umas das vistas mais lindas do Rio. Acabei parando la despreparada mas com certeza na minha próxima visita ao RJ vou fazer o passeio completo com direito a salto de asa delta e tudo mais que eu tiver direito. E quanto a violência também concordo com vc que a cidade é tão violenta quanto qualquer outra capital, no começo do ano passado fiquei com uns amigos parada sem gasolina na linha amarela, exatamente na entrada da Cidade de Deus, detalhe: meia noite e meia. Obviamente, morri de medo, assim como ficaria se estivesse parada sem gasolina na Av. das Torres aqui em CWB. Nesse episódio uma alma caridosa parou para prestar SOS e foi até um posto e voltou com um monte de garrafas pet cheias de combustível exatamente na época em que estavam botando fogo nos ônibus da cidade. Eu tinha certeza que dali alguns minutos chegaria o BOP (nem sabia o que era isso na época) nos metralhando, mas todos sobrevivemos!
    beijinhos

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  4. Palácio do Catete.
    Praia Bonita.
    Salto de Asa Delta.

    JU, tudo anotado. (Não que eu vá saltar de asa delta. Desculpe, tenho esses defeitos e restrições com esporte fitness-radical. hahahahaha!) Mas da próxima vez passo por lá, garanto umas boas fotos e posto aqui.

    Sobre a violência: eu invoco a armadura protetora do amado Arcanjo Miguel e seguro na mão de Deus! Não tem erro! ;-)
    Beijos!

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  5. Opa!! um equivoco, não é Praia Bonita é Pedra Bonita.
    Tenho fotos, vou te mandar por email.
    beijocas

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  6. Ui, JU, verdade! PEDRA bonita. Feita a correção. Tô esperando as fotos! Bjs!

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