sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Matraca na cozinha: nhoque da fartura

Vinte e nove de setembro. E como todo dia 29, hoje tem nhoque da fartura. Conta a lenda que há muitos e muitos anos na Itália (justamente num dia 29) um andarilho bateu à porta de um casebre pedindo comida. A família que o atendeu era bem pobre e mal tinha o que comer. Mas mesmo assim recebeu o inusitado convidado – chamado Genaro – e dividiram o único alimento que tinham: nhoque. Foram sete pedacinhos para cada um.
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Depois de saborear a deliciosa massa, o andarilho agradeceu e foi embora. Quando a matriarca foi recolher os pratos descobriu que embaixo de cada um havia notas de dinheiro. Um milagre da abundância e fartura proporcionado pela fé da família e pela gratidão daquele que hoje conhecemos como São Genaro. Após a passagem do santo por aquela vila, toda a população prosperou e a tradição de comer nhoque nos dias 29 virou um ritual: coloque dinheiro embaixo do prato e coma sete bolinhas, com um pedido para cada uma.

Para celebrar a data o Matraca na Cozinha de hoje preparou um Nhoque de Espinafre com Tomate Seco. Arrá! Quem pensa que fiquei enrolando aquela minhoquinha e depois cortando as pelotinhas, está redondamente enganado. Para facilitar a minha vida (e a sua também) eis o segredo: nos supermercados existem várias opções da massa pronta. Vejamos:

Receita de nhoque da Matraca

Compre no mercado uma embalagem de 500 gramas de massa pronta de nhoque. Como é pré cozida é só colocar na água fervente e esperar três minutos. Custa em média R$ 3,50 e rende três generosos pratos.


Para o molho (Esse eu fiz. Difíííícil, nem conto.)

200 gramas de tomate seco

1/2 cebola bem picadinha
3 colheres de sopa de azeite
Folhas de manjericão
Sal a gosto


Refogue a cebola no azeite. Acrescente as folhas de manjericão também em pedaços miúdos. Junte o tomate seco. Deixe no fogo médio por uns 3 minutos e coloque sal a gosto. Depois é só acrescentar o nhoque e mexer levemente. Está prontíssimo para servir.

Bom apetite e fé nos pedidos!
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Fotos: Raul Mattar

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

A estação porta-retratos

Estamos na primavera. Mas não vou falar da estação mais bonita do ano. Já fiz isso aqui.

É só para lembrar que beleza é algo bem subjetivo, mesmo. Qualquer estação, em qualquer lugar – até aquela praga do inverno – tem seu charme.
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Mas dentro do meu matraca´s windows, o software paisagístico mais eficiente é o outono. Principalmente o outono das propagandas de viagem ao Canadá, que – vejam só – encontrei, sem querer, passeando por um parque em alguma cidade do estado de Connecticut, Estados Unidos.

Fotos: Raul Mattar
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quarta-feira, 26 de setembro de 2007

QUIZ Matraqueando: onde fica esta igreja?

A construção original data de 1737.
Foi erguida pelos escravos e para os escravos.
A atual fachada ainda traz azulejos do projeto original.

Está no centro histórico da cidade.

Perguntinhas:


1. Qual o nome da igreja?
2. Em que cidade fica?
3. Foi construída com que propósito?

Foto: Raul Mattar


RESPOSTA DO QUIZ:

And the Oscar goes to... GISELA GARCIA, nossa chefe de reportagem. É a Igreja de Nossa Senhora do Rosário de São Benedito, que fica no Largo da Ordem, em Curitiba. O nome original era Igreja de Nossa Senhora dos Pretos de São Benedito. Com a abolição da escravatura, a igreja – que foi construída para os negros exercerem a fé (já que não podiam freqüentar o mesmo templo dos brancos) – perdeu a razão original de ser. No interior abriga azulejos portugueses, com os Passos da Paixão. Foi a terceira igreja de Curitiba, depois da Matriz e da Igreja da Ordem.


Outros QUIZ:

QUIZ: onde está este castelo?

QUIZ: onde está este teatro?

QUIZ MATRAQUEANDO

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Quanto você pagaria por uma sobremesa?

O mega resort The Fortress, no Sri Lanka, está cobrando US$ 14.500 (quase R$ 30 mil !!) pela “sobremesa mais cara do mundo”. O doce é um tipo de cassata italiana. A decoração, feita com chocolate e irish cream, representa um pescador agarrado numa palafita (antiga forma de pesca local). Acompanha uma água marinha, pedrinha preciosa – mero detalhe – de 80 quilates.

"A Indulgência Elevada do Pescador", nome do doce, foi criada para dar aos visitantes do resort, na cidade costeira de Galle, “uma experiência única” – segundo o gerente de relações-públicas do hotel.

Ahã, então tá.

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Foto: Divulgação The Fortress

Informação incluída dia 27.09.2007, às 22:59.

Furamos o UOL. O maior portal de notícias da América Latina deu, agora há pouco – na capa – uma matéria sobre a sobremesa mais cara do mundo, que nós discutimos ontem aqui. (Sei não, mas acho que copiaram da gente). Bem, enquanto eu reúno mais provas do plágio, vamos ao que interessa. Grupos de direitos humanos fizeram eco aos nossos comentários e consideraram “obsceno” cobrar uma fortuna por um doce, enquanto muitas pessoas lutam contra a pobreza no país. Para ler a reportagem completa, clique aqui.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Mi Acapulco querida

Longe do glamour dos anos 50, Acapulco já não atrai tantos astros de Hollywood como antigamente. Não tem a fama de Cancún, tampouco as relíquias de Chichén Itzá. Mas foi aqui que começou a minha viagem pelo México, no mesmo lugar onde John e Jacqueline Kennedy desfrutaram sua lua-de-mel. Hoje, o chic em esticar uns dias na eterna Pérola do Pacífico (adoro esses slogans cafonas) é justamente a nostalgia dos tempos áureos.
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O penhasco La Quebrada, imortalizado nos filmes de Elvis Presley, continua sendo o ponto turístico mais visitado da cidade. Com 38 metros de altura, é do alto deste morro – às margens do oceano – que os famosos (e loucos!) mergulhadores de Acapulco saltam para desaparecer numa garganta de águas revoltas. Depois de alguns segundos embaixo d’água ressurgem para receber os aplausos assustados da fiel platéia amontoada no mirante. Nenhuma foto que tirei em La Quebrada prestou. O espetáculo acontece à noite e foi no tempo em que máquina digital era coisa dos Jetsons.

O Forte de San Diego, na parte mais alta da cidade, registra que o sucesso da cidade não remonta somente há 50 anos. Desde a época da colonização espanhola, Acapulco já seduzia piratas que chegavam pelo Pacífico. O Forte foi construído para evitar os saques, já que o porto era uma das rotas do comércio de especiarias entre Espanha e China. A cem metros do Forte está o recém-inaugurado Museu de Máscaras, que conta um pouco da história dos índios que viviam aqui antes da conquista.

No mais, Acapulco vai ser sempre muito sol e mar. Com muita sorte você até pode dar de cara com Silvester Stallone na famosa praia de Revolcadero ou ainda ouvir Julio Iglesias cantando em alguma casa noturna da avenida Costera Miguel Alemán. Ambos têm casas na cidade. Está certo que o primeiro não é Johnny Weissmuller (o inesquecível Tarzan) que agitava por aqui no auge do sucesso e Iglesias pode não ser um Sinatra. Mas não importa. Os tempos mudaram e os artistas também. E é essa capacidade de adaptação que faz de Acapulco única na glamourosa história dos balneários do Pacífico.
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Fotos: Matraca´s Image Bank

domingo, 23 de setembro de 2007

México: um estilo de ser... notado!

Mexicano gosta mesmo de aparecer. Duvida? Coloque um sombrero na cabeça e saia por aí para você ver o que acontece. Se nem com os tradicionais chapelões coloridos eles conseguirem chamar sua atenção, pode esperar. Um grupo de Mariachis vai aparecer – de repente – para esgoelar no seu ouvido algum clássico do país. Inconfundível: esse é o estereótipo que a gente tem cravado na cabeça quando se trata do país do astecas. Mas não. Nem todo mexicano canta La Curucucu Paloma, assim como nem todo brasileiro é um Macunaíma.

Ser cafona no México sempre esteve na moda. Sacumé, só mesmo o nosso preconceituoso padrão europeu de elegância para reparar no excesso de unhas e cílios postiços das mexicanas ou naqueles detalhezinhos em ouro nos dentes dos mexicanos. O que seria do amarelo se todos gostassem do azul? Na verdade, trago aqui uma revelação bombástica: os muy machos mexicanos adoram músicas de dor de cotovelo: “..piensa en mí, llora por mí... llámame a mí... no, no le hables a él” . Não estranhe se em algum restaurante chique da Zona Rosa, na Cidade do México, você escutar Leandro & Leonardo, em espanhol! Quando estive lá (e o Leandro ainda era vivo) foi um sucessão!
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Aliás, que país é esse, de povo tão simpático, tão generoso, tão sorridente e tão coloquial, onde até os carros têm seus caprichos. Bocho (o nosso fusca) que se preze tem néon na lataria, cortininha de veludo no quebra-sol e um tercinho da Virgem de Guadalupe pendurado no retrovisor. Se não for assim, está out, completamente fora do fashion mundo de Pancho Villa.

No fundo você vai ficar doidinho para ser – pelo menos enquanto durar sua visita – tão in como esse povo. Gente brega é quem acha que eles não têm bom gosto.

Fotos: Matraca´s Image Bank

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Queria tanto ir...

A Expoflora é a maior feira de flores da América Latina e acontece em Holambra - São Paulo, até domingo. A novidade deste ano são 23 rosas multicoloridas criadas pelo holandês Petervan de Werken (foto). A Expoflora está para a floricultura e o paisagismo assim como a Casa Cor está para a arquitetura. Virou referência no mundo e é o passeio mais fotogênico que você pode fazer.
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Foto: Divulgação

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Os poetas do mercadão

Enquanto isso, na sala de justiça (até quando vocês decidirem onde vou passar minha lua de mel) fico por aqui, indo vez ou outra ao Mercado Municipal de Curitiba: a rota mais apropriada para aplicar a diversidade antropológica de uma viagem.
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Engana-se completamente quem pensa que mercadão é tudo igual. É verdade, invariavelmente, há frutas, legumes e verduras. Especiarias, aos montes. Quase sempre é o melhor lugar para comprar produtos árabes ou japoneses. Aqui, no Egito ou em Porto Alegre.

Até existem mercadões fajutos, jecas, muquifos ou fuleiros. Mas eles, assim como as feiras, deveriam ser o ponto de partida de qualquer excursão. O da capitar do meu Paranã é até bem sofisticado. Grande, bem arrumado e traz aquele colorido comum ao gênero.

Nos 10 primeiros minutos de passeio, um olhar desavisado não vai achar nada diferente. Já uma vista disposta perceberá o mercadão de Curitiba como único. Em vez de ficar só babando nas bancas bem montadas dê uma olhadinha para cima. Lá estão elas. Placas enormes penduradas no teto com poesias de Paulo Lemenski, Helena Kolody, Alice Ruiz – entre outros poetas e escritores paranaenses.

Mas não é só isso!!!, como diriam meus amigos apresentadores do Polishop. Só aqui e somente aqui você encontra as mini abobrinhas brasileiras importadas. Repito: mini-abobrinhas-brasileiras-IMPORTADAS! Assim me explicou o feirante – que deve ter estudado marketing na mesma escola do Jaime Lerner. É ou não é único?

Fotos: Raul Mattar
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Posts relacionados:
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São Paulo: mercadão municipal
Curitiba: 314 anos de transformação
Curitiba: carne seca da Ucrania - Feirinha da Ucrânia

Curitiba: um ponto, dois dias

Aonde vamos?

Já afoguei as mágoas aqui quando comentei que ainda não fiz a minha viagem de lua de mel. Um ano e sete meses pós boda nós – meu marido e eu – estamos decididos a ir para um lugar de descanso, com uma certa sofisticação (afinal, é lua de mel!), boa comida, que não seja muito longe e que dê para ficar quatro tranqüilos dias.

Costão do Santinho, pensei! O melhor resort de praia do país, segundo as revistas especializadas. A praia, em si, obviamente, não me interessa. Mas o complexo turístico, propriamente dito, sim! Fica em Florianópolis, a três horas de casa. Deve ser carésimo, ponderei. (Eu não sabia quanto exatamente, mas sabia que estava muito acima das minhas posses.) No entanto, avaliei: são só 96 horas e nós estamos dispostos a gastar no máximo, estourando, saindo pelo ladrão – R$ 2 mil, o casal. Vai dar!

O próximo passo me trouxe de volta ao planeta terra. Liguei no zero oitocentos do hotel e a vendedora Maidi me disse amavelmente que o quarto standard (o mais barato, sempre) custa R$ 685,00 o casal, POR DIA!!! Façamos as contas: são R$ 2.740,00 por míseros quatro dias. Sem contar a gasolina. – Mas inclui café da manhã e jantar, disse Maidi. – Ahã, balbuciei com um respingo de voz.

Depois dessa sessão Dale Carnegie (do livro Você pode: acredite em você!) voltamos ao nosso método tradicional de escolha de destinos. Quanto a gente tem para gastar? R$ 2 mil? Então, mãos à obra. E olhe só o que encontrei. Uma viagem para a Cidade do Cabo, na África do Sul, por US$ 898,00 por pessoa – sete dias, com avião e hotel. SETE DIAS! Se a gente atravessar o Atlântico para ficar os quatro dias anteriormente planejados, a viagem sairia mais ou menos US$ 500,00 dólares para cada. Os dois mil reais previstos.

Calma, eu não vou para África. Viajar de avião está fora do páreo. Mas foi bom. Estou revendo meus conceitos e providenciando um modelito bege safári.

P.D. O pacote para Cape Town (Cidade do Cabo) pode ser encontrado na Submarino Viagens. E se você se interessar por um fim de semana no Costão do Santinho, ligue para a Maidi no 0800 48 1000.
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Foto: Praia da Cidade do Cabo, com a famosa Table Mountain ao fundo. (Divulgação)

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Turista: ser ou não ser, eis a questão!

Dias atrás me disseram:
- Quero ir para um lugar que não tenha turistas. Você conhece algum?

Respondi:
- Não.

Fim da conversa.

Por que a gente sempre acha que os turistas são os outros? Já reparou que quando viajamos sempre somos nobres antropólogos desbravando terras desconhecidas ou seres intelectualizados a procura de novas culturas? Mas nunca turistas!

Meu filho, quem viaja querendo fugir de turista provavelmente vai encontrar outros turistas que pensam que não são turistas. Vai por mim.

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Presente de grego

Tenho certeza: a primeira vez em que você esteve na Bahia acabou trazendo um berimbau. Um não, dois. Depois, na sua estréia em Lisboa encheu a mala de pratos que imitam os azulejos portugueses e enfiou mais um monte de Galos de Barcelos na bagagem de mão.

É certo. Além de ficar cuidando dos trambolhos durante a viagem inteira, quase sempre a gente não tem onde por todos os caraminguás e xurumbambos que são comprados nas barraquinhas de souvenirs. Verdade seja dita. Por que a gente compra berimbau e pratos que imitam azulejos portugueses se a gente não gosta de berimbau nem de pratos que imitam azulejos portugueses na parede do nosso lar?

E as máscaras de Veneza? Desculpe, é o souvenir mais cafona que existe. Quando a gente olha, parecem lindas, uma obra de arte. Coloridas, eruditas... aaah, lembram os carnavais de Veneza. E só. Coloque uma dessa na sua sala e você vai ver o estrago na decoração.

Ainda existem as estatuetinhas que imitam os monumentos. É a consagração do nosso momento rico de ser: a gente quer trazer a Torre Eiffel e o Coliseu para colocar no armário da sala. Mais um cacareco para o armário da sala. Sem falar nos milhares de chaveiros – cuidadosamente embalados – que são entregues às vítimas do nosso non-sense: pais, irmãos, primos e tios.

Calma, isso não é um protesto. É um desabafo: EU COMPRO SOUVENIR, SIM! Aos montes. Distribuo, com o maior carinho, aquela badulacada para uma pilha de gente e ainda sobra. Mas ando mais comedida. Em vez de comprar dois berimbaus eu me contento com as fitinhas do Senhor do Bonfim. São mais baratas e fáceis de carregar.
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Fotos: Matraca´s Image Bank

domingo, 2 de setembro de 2007

A pedidos...


Para Gisela e Jenifer – que pediram na caixa de comentários; para Carmen – que me solicitou no Carrefour; para Márcia Cristina – que me enviou por e-mail e para todos que ficaram morrendo de vontade de saber, mas não tiveram coragem de perguntar: o endereço da feijoada de R$ 5,30. É essa aí, da foto – que tirei já faz um tempinho, mas tudo continua igual. Toalha de plástico velhinha (mas limpa), talheres simples, num espaço pequeno. Mas quem repara nisso diante de uma super feijoada como essa por R$ 5,30, à vontade? E ainda dá para pedir coca-cola 1 litro de garrafa de VIDRO, que – sabemos – não existe igual.
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Anote aí: Restaurante Tropical Tower (móó chique, o nome.)
Rua Prof. João Falarz, esquina com Pedro V. Parigot de Souza (essa última é a rápida que vai para o Campo Comprido). Fica em frente à Caixa Econômica, agência Ecoville, perto do terminal. Fone: 41 3285-3962. (Para quem não gosta de feijoada, na terça-feira também tem franguinho frito e canjiquinha de fubá. R$ 4,90 por cabeça.) A comida é muito boa, mas de tão simples que é o lugar não recomendo para frescos, enjoados, mal-humorados e simpatizantes.
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Foto: Matraca´s Image Bank. (Mas o prato é do Raul)
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Informação incluída dia 05.09.2007, às 19:34
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Essa é para nossa Chefe de Redação, Nair P. Siqueira: a feijoada de Londrina é servida no Fábrica 1, aquele famoso restaurante-cervejaria perto do Lago Igapó.