Sou do tempo em que viajar pela Varig era como chegar ao topo da pirâmide social de um turista. O menu era internacional. Os talheres, de prata e a passagem, a mais cara. Só por isso, qualquer voozinho de 45 minutos pela Viação Aérea Rio-Grandense nos enquadrava interinamente como “ricos”. Escolher a Varig era, também, uma decisão “inteligente”: pagava-se um pouco mais, mas o plano de milhas da companhia – associada à Star Alliance – era o melhor do mundo. Por fim, sendo a companhia brasileira que voava para mais destinos – nacionais e internacionais – dar preferência à Varig nos tornava “viajados”. E esse era o título mais simpático que a empresa poderia nos dar: afinal ser viajado é ainda bem mais interessante que ser rico ou inteligente.
Há alguns anos, numa incrível abertura do reverso, viajar pela Varig virou motivo de chacota. Os aviões foram ficando velhos e a comida - que teve até caviar! - se reduziu a sanduichinhos de presunto e queijo. O único que não mudou foi o preço dos bilhetes: sempre o mais caro. Ou seja, viajar pela Varig nos últimos tempos nos dava a denominação honorífica de acéfalo. Já o salseiro atual nos aeroportos - quando os vôos são cancelados - escreve na nossa testa exilado. De viajados passamos, por motivos de força maior, a turistas burros e expatriados.
Logo agora que fui promovida ao cartão prata do Smiles, a Varig resolve simplesmente falir! A empresa -ironicamente- não assume, o governo -sabiamente- ignora, os funcionários -discretamente- desconhecem. Na verdade, nem eu acredito. Seja lá qual for o desfecho dessa história, todo mundo sai perdendo: o Brasil que assiste ao fim de um orgulho nacional; os empregados que vão aumentar a fila do Sine; os passageiros que engrossarão a lista do Procon e eu, que provavelmente perderei minhas milhas acumuladas e, conseqüentemente, algumas viagens de graça. Que graça tem isso? Definitivamente, não acredito.
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domingo, 25 de junho de 2006
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Silvia, mas veja pelo lado bom. Já imaginou na frente do guichê da Varig, na hora do Chek-in: "aos passageiros nós oferecemos, por motivo de cancelamento de seu vôo, o prazer de um passeio exótico...podem um montar uns nos lombos dos outros e voltar felizes para a casa. E não me entendam mal, não estou lhes chamando de burros. Équinos, cabe bem".
ResponderExcluirNo Brasil, o único emprego seguro é de faxineiro do congresso, CEGO! Vai ter serviço pro resto da vida! (risos)
Abraços!
Nem me fale! Tenho quase 70 mil milhas. SETENTA! Também não acredito.
ResponderExcluirSilvinha, se vc precisar, sou seu testemunha no processo contra a Varig!
ResponderExcluirCaviar??? Talher de prata??? Quando?
ResponderExcluirNa primeira classe, querido anônimo!... Mas hoje o máximo é um salmãzinho defumado!
ResponderExcluirAbs!
Silvia, mais uma vez concordo muito com você. E sabe que me dá muita pena? Ainda sou daquelas cidadãs brasileiras que tem orgulho de suas empresas e do seu patrimônio. E eis que outro dia, estava eu fechando minhas férias, e me surpreendi pedindo Ibéria e pensei quietinha: "Poxa... como era bonito pedir Varig, varig, varig..." Mas confesso fiquei com medo de ter alguma surpresa desagrável bem no dia do meu embarque e embarque para as férias!!! Com isso não se brinca, né? Um abraço.
ResponderExcluirNair
Et. Você já está no Brasil?? Sucesso e espero que pronto chegue o retorno aos seus estudos e objetivos.
Nem me fale, Nair! Eu ia para a Espanha com a Varig e, mais uma vez, nem era a passagem mais econômica! Mas era "a" Varig! Pois vi que a coisa estava feia quando minha agente de viagens (super de confiança e descolada) me sugeriu que fizesse reserva em outra companhia. Fui pela TAP, que também faz parte da Star Alliance e, por isso, também conta milhas!
ResponderExcluirSim, já estou no Brasil e no fim de semana passado estive em Londrina, visitando minha família! Sigo entrando em órbita! :-)
Um abraço grande!
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