"A verdade está na viagem,
não no porto."
Eduardo Galeano, jornalista e escritor uruguaio (1940 -)
Foto: Menina fazendo dever da escola. Marrocos, 2006.
Para ver melhor, clique na imagem.
Nas calles ao lado do Caminito se aglomeram diversos ateliês e exposições ao ar livre. É neste bairro, claro, que está o La Bombonera, o estádio do Boca Juniors. Para comer por aqui tente o La Rueda (Calle Magallanes, 854). Parrillada para dois por R$ 20,00. Acompanha salada, batata frita e show de tango ao lado da sua mesa. Ônibus: 25, 29, 33, 64, 152. Não é servido por metrô. Táxi do centro até aqui: + ou – R$ 15,00
Mas se você acha que antiquário é sinônimo de velharia, deixe para visitar a principal feira do bairro, que acontece aos domingos na Plaza Dorrego. É uma Feira de Antiguidades que mistura uma pouco da feira do Largo da Ordem de Curitiba com a Rua Uruguaiana, no Rio de Janeiro. Dá de tudo. Ônibus: 24, 28, 29, 65, 70, 195. Não é servido por metrô. Táxi do centro até aqui: + ou – R$ 12,00
O coração político de Buenos Aires está em Montserrat. Neste bairro central as mães da Plaza de Mayo saíram em protesto contra o governo há mais de 30 anos, exigindo a volta do seus filhos desaparecidos nos porões da ditadura militar. Em frente a esta plaza está a Casa Rosada que – dizem os poetas – era uma referência à conciliação política já que as cores dos partidos rivais no século 19 eram branca e vermelha. Mas reza a história que a cor da Casa de Gobierno é mistura de cal e sangue de boi - usada para impermeabilizar as paredes.
Caminhando pela Av. de Mayo em direção ao Congresso Nacional está o Café Tortoni, um entre centenas de cafés que existem na cidade. Mas era neste que se reuniam Borges, às vezes Gardel e - por um período - até García Lorca, que viveu na cidade em 1933. Foi inaugurado em 1858 e preserva tudo intacto: espelhos, cristais, lustres. Oferece show de tango por R$ 25,00.
Entre, sente-se próximo à caricatura de Borges ao fundo e peça um café, tostadas e dois churros. São R$ 10,00 ao lado da mais pura história portenha. Ônibus: 22, 24, 28, 29, 64, 86, 105, 111. Metrô: Para a Plaza de Mayo desça nas Estação Bolívar (Linha E) ou Estação Peru (Linha A) ou Estação Catedral (Linha D). Para sair exatamente em frente ao Tortoni desça na Estação Piedras (Linha A).
O Centro e a Recoleta
Os tradicionalistas que me perdoem, mas Recoleta e Centro - para mim - é tudo a mesma coisa. Por aqui estão o Cemitério da Recoleta, onde o túmulo de Evita Perón é atração e o Museu Nacional de Belas Artes, entrada gratuita - com um acervo interessante (Goya, El Greco, Monet, Van Gogh, Renoir). Nessa região está o Teatro Colón - que não visitei porque está em reforma – e o Obeslico de 67 metros de altura, fincado para celebrar o quatro centenário da fundação de Buenos Aires. Depois há a famosa Calle Florida, o calçadão - cheia de loja evidentes e quiosques vendendo pancho – o cachorro quente deles – e alfajores. Na mesma Florida estão as Galerias Pacífico. Vale a visita pela arquitetura deslumbrante. Mas é um shoppinzão como outro qualquer. Ou seja, estes são os bairros para bater perna sem rumo, observando as pessoas e seu modo viver e/ou comprar. Para jantar, recomendo o lindo e hermoso Suipacha. O lugar é glamouroso, mas oferece bife de chorizo por módicos R$ 9,00.
Destaco que foi na Calle Florida, longe do reduto tangueiro, que vi o melhor show de Buenos Aires já comentado no post O tango da minha vida. O Piazzolla Tango (foto geral acima) está na Galeria Güemes, construída em 1915. Prefiro que as fotos falem por mim:
Abasto e Carlos Gardel
O Abasto pretende se transformar no bairro do tango. Foi aqui que cresceu Carlos Gardel, o maior cantante do gênero e sua casa hoje é um pequeno museu. Com incentivo da prefeitura muitas viviendas, na altura da Calle Zelaya, passaram a pintar suas fachadas com letras de música ou usaram o fileteado, técnica artística portenha.
O Shopping Abasto, antigo mercado municipal, era freqüentado por Gardel. A não ser que você queira fazer compras em lojas tradicionais, é entrar e sair correndo. Mas dedicar algumas horas pelo bairro vale a pena, ainda que esteja bem longe de superar San Telmo ou La Boca. Ônibus: 12, 29, 34, 41, 64, 111, 118, 152, 194. Metrô: Estação Carlos Gardel (Linha B). Táxi do centro até aqui: + ou – R$ 15,00.
Palermo SoHo e Palermo Hollywood
Tudo era Palermo Viejo. Ainda há um pedaço do bairro que se intitula assim. Mas com aquelas tacadas marketeiras-turísticas de mestre, dividiram o bairro em dois, antes e depois da linha de trem. Agora o must de Buenos Aires está em algum destes Palermos, principalmente no Soho e Hollywood. Eu ia ficar num hotel em San Telmo, aquela coisa tangueira, histórica. Na última hora optei por Palermo Hollywood, fiquei no Solar Soler, um dos Bed & Breakfast mais charmosos da região, instalado num casarão do século 19 totalmente reformado. US$ 55 dólares, o casal, com café da manhã. No SoHo portenho estão as lojas moderninhas, os estilistas de vanguarda, os designers da hora, os descolados dos descolados. Jorge Luís Borges viveu alguns anos por aqui, na Calle Serrano, 2135. Tem também uma Feria Urbana, onde os bambambãs da arte e do design expõem seus trabalhos nos finais de semana. O bairro é gigante, merece um dia inteiro de visita ou voltar em dois diferentes. O melhor dia aqui é sábado. Ônibus: 34, 140, 151, 166. Metrô: Estação Palermo (linha D). Táxi do centro até aqui: + ou – R$ 16,00.
Puerto Madero
A investida do designer francês Phillippe Starck por aqui começa a dar resultados: Puerto Madero já é o metro quadrado mais caro da Argentina, algo como 2,5 mil dólares. O bairro começou pelo avesso. A idéia (e o investimento) do rico comerciante Eduardo Madero - lá no século 19 – de construir diques em frente ao centro da cidade naufragou feio. A “orla” portenha era decadente e abandonada. Só em 1989 a região passou por um bilionário projeto de reurbanização. Foi tudo restaurado e as docas se transformaram em bares, restaurantes, cinemas, escritórios e até residências. Há inúmeros restaurantes de parrillas libres (mais ou menos um churrasco rodízio). Recomendo – para um momento extravagância - o Siga La Vaca. De segunda a sexta é mais barato, de R$ 80 a R$ 100,00 o casal. Ônibus: 20, 22, 33, 64, 74, 109, 140, 143, 152, 159. Metrô: Está próximo da Estação Bolívar (Linha E), Estação Peru (Linha A), Estação L.N. Alem (Linha B). Táxi do centro até aqui: + ou - uns R$ 12,00.
Seção mão-de-vaca-muquirana
Almoce um - ou dois - pancho: pão, salsicha, mostarda e ketchup. No melhores (e em quase todos) quiosques da cidade. R$ 0,90. Por esse preço, mata ou não mata a fome?
;-)
Fotos: Raul Mattar
Posts relacionados:
BUENOS AIRES: 10 motivos para ir...
BUENOS AIRES: cinco coisas para NÃO fazer