terça-feira, 29 de agosto de 2006

LAPA por um dia e para toda a vida

Como 98% de uma visita à Lapa estão intimamente ligados a conhecer - antes - um pouco da história da cidade acredito que o post acima resolve boa parte do nosso problema. Caso você não tenha conseguido ler o artigo anterior até o final (até porque história e geografia são consideradas matérias problemáticas para muita gente) vale a pena conhecer a Lapa por outros motivos também:

- possui o maior conjunto arquitetônico preservado do Paraná com 14 quadras e 258 construções tombadas pelo patrimônio histórico. Deixe o carro e faça um passeio a pé pelo centrinho, com casario recuperado e preservado;
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- foi morada de um monge conhecido como João Maria D’Agostinis, ermitão que vivia na chamada Gruta do Monge. A gruta está localizada em um parque estadual e é centro de peregrinação religiosa. Há vários depoimentos de graças alcançadas e de visões da Virgem Maria. Dizem que só os puros de coração conseguem ver a santa. Eu (glupt!) não vi nada;

- tem o Theatro São João, realmente estupendo. Outro muito parecido conheci em uma cidade chamada Areia, na Paraíba. Mas há um teatro do mesmo estilo elisabetano em Sabará, Minas Gerais. Portanto, este é único por essas bandas;

- é possível conhecer a Casa Lacerda, onde foi assinado o ato de rendição, em 1894. Hoje, convertida em museu, retrata como vivia uma família de classe média na época;
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- preserva o Panteón dos Héroes (escrito desta forma, quase tudo em espanhol, porque faz uma referência ao portuñol dos combatentes do Cerco da Lapa. Total influência daquele perrengue do Tratado de Tordesilhas que – lá nos primórdios - cedia boa parte do sul do país aos espanhóis). Aqui estão os restos mortais do General Gomes Carneiro e de seus bravos companheiros. Os canhões que adornam o monumento são originais, abandonados pelas tropas federalistas durante o recuo para o sul;
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- Santuário de São Benedito e Igreja de Santo Antônio. Esta última é a edificação mais antiga da cidade e o primeiro, mais moderno, guarda uma imagem de São Benedito da antiga capela erguida por escravos em 1870;
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- é a oportunidade para aproveitar a deliciosa culinária lapeana: costela de porco frita, feijão tropeiro e quirera feita com milho quebrado, cozido e socado no pilão. Nos (poucos) restaurantes da cidade.

O slogan “sou brasileiro e não desisto nunca” bem que poderia ter nascido aqui. O Cerco da Lapa (olha eu de novo falando dele) é o retrato de um pequeno grupo (pouco mais de 600 homens) que enfrentou os mais de 3 mil rebeldes que queriam manter a coroa portuguesa no país. (Há muitas teorias sobre as motivações dos federalistas. Eu acredito nessa.) Resistiram durante 26 dias, muitos – inclusive os principais líderes – morreram em combate porque acreditavam na República e queriam ver o Brasil nas mãos dos brasileiros.

SERVIÇO

COMO CHEGAR
Saindo de Curitiba pela BR 476, indo por Araucária. Está a 66 quilômetros da capital paranaense.

INFORMAÇÕES TURÍSTICAS
Central de Informações Turísticas
Praça General Carneiro, 116 - Centro
Tel. 41 3622-7401
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Fotos: Raul Mattar
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3 comentários:

  1. Silvinha e Raul estou adorando tudo, que aula de cultura parabéns.
    Sobre o Monge da Gruta, voce acredita que eu tenho uma imagem dele? E não abandono em lugar nenhum, pois tenho muita fé, no monge. Beijos. Virginia

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  2. Virginia!!! Matraqueando também! Que coisa boa!

    Realmente é incrível a fé que o povo tem nesse monge. Na verdade, a Lapa, em si, retrata esse ambiente de fé e perseverança!

    Beijos!

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  3. Gostei do blog, textos e fotos muito bons. Quanto à materia sobre a Lapa e a Revolução Federalista, acho que o blog pecou por não pesquisar um pouquinho mais. Sou paranaense e sei que eles fizeram um bom trabalho defendendo sua terra, mas infelizmente estavam do lado errado. O caudilho da época, Mal. Floriano, em outro episódio da revolução, mesmo tendo sob a custódia das suas tropas o Barão do Serro Azul, mandou executá-lo, junto com mais 5, no km 65 da ferrovia Curitiba-Paranaguá, onde hoje há uma cruz. A Wikipedia é boa fonte para esses episódios da historia paranaense.
    Saudações
    José Maria

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