
Antes tarde do que muito tarde! O mês acaba amanhã, mas cá estou para falar da minha manifestação popular preferida: a festa junina. Quem mora no sul ou no sudeste talvez não consiga perceber a dimensão desse evento. (Por aqui, quando se fala em “arraiá”, lembramos da quermesse da igreja ou da quadrilha na escola.) Mas no nordeste brasileiro, festa junina é coisa de gente grande e algumas cidades da Paraíba, por exemplo, tornam-se peregrinação turística nessa época do ano.
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Embora tenha origem européia (os portugueses trouxeram para cá no período colonial), a festa junina – com o passar dos séculos – foi se misturando aos aspectos culturais dos brasileiros. É a única festa do país com dialeto próprio: “Nóis espera ocê lá no sitio du cumpadi. Vem cum rôpa de quadria pá mó da genti si diverti.”
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Depois, vem a lambança com aquela comidaiada. Como junho é época da colheita de milho, muitos doces e salgados são feitos com o grão, como bolos, pamonha, pipoca e canjica. Mas ainda tem pé de moleque, pinhão e vinho quente, o afamado, quentão.
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Para quem gosta de turismo de aventura, a festa junina ainda oferece a barraca do beijo e o correio elegante. Depois é só colocar chapéu de palha, roupa de chita ou remendada e se incorporar à festança na roça. Tem gente – quase sempre um rabugento – que acha um sacrilégio essa imitação do nosso sertanejo caipira. Eu prefiro achar que é um tributo às coisas e à vida dos nossos matutos, campesinos e agrestes.
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Fotos: Festa Junina da academia de natação H2O, de Curitiba. (Raul Mattar)