quinta-feira, 25 de maio de 2006

ESPANHA: doutorado em Sevilha

Primeiro decidi fazer um doutorado. Depois escolhi a cidade em que gostaria de passar uma temporada. Em seguida, o curso e a universidade. Nem precisei procurar muito: Sevilha, Universidade Pablo de Olavide, Programa de Doutorado em Desigualdades e Intervenção Social. E aqui estou, na Andaluzia, Sul da Espanha.

Uma novidade no mundo das teses e apoiado pela lei espanhola este programa é desenvolvido em dois anos através de módulos intensivos: 2 meses e meio em 2006 e o mesmo período em 2007. A universidade, que é pública, cobra uma taxa por cada módulo/crédito feito. Não sai barato para os bolsos brasileiros, mas é uma bagatela tratando-se de um doutorado internacional. Vale a pena? Dependendo do que você busca para sua vida pessoal, profissional e acadêmica pode ser o investimento mais bem feito da sua biografia.

quarta-feira, 24 de maio de 2006

Seção mão-de-vaca-muquirana

Sempre alguém me pergunta se não tenho um hotelzinho para indicar não sei onde. “Bom, bonito e barato”, frisam. Acho engraçado. Assim como não existe a mais remota possibilidade de eu discorrer sobre golfe, mergulho, turismo radical, de aventura, nem dar dicas para escalar picos, descer rio em cima de bóia ou fazer compras em lojas de departamento – eu não saberia indicar um hotel que não fosse simples e econômico. Sou mão-de-vaca mesmo. Sobre os hotéis em que fico quando estou a trabalho? São fantásticos. Muito bons e, obviamente, os olhos da cara! Mas estes eu não preciso indicar. Qualquer guia tradicional faz isso.

O Matraqueando, apesar de não ser um guia, é feito também para que você realmente economize, sobretudo, na hospedagem e na alimentação. Sem falar que você vai descobrir aqui muitas atrações gratuitas, museus com entrada franca, rotas que fazem você conhecer muito, economizando também o tempo (outro bem precioso numa viagem).

É possível também encontrar alguma sugestão de Extravagância. Mas não se engane. A extravagância aqui é proporcional a minha pão-durice, ou seja, qualquer pousadinha que passe de 30 dólares a diária, para mim, é extravagância, um lu-xo! Enfim, falo de uma extravagância ou outra para aquele momento “eu quero” ficar neste hotel ou comer neste restaurante. Porque 30 dias à base de Mc Donalds, dormindo em trem - vamos combinar - ninguém merece!

terça-feira, 23 de maio de 2006

TRANCOSO, Bahia: menos é mais!

Eu já fui várias vezes à Bahia. Passei pelo delicioso Deus-nos-acuda de Salvador e até me meti num daqueles resortões carésimos, o Costa do Sauípe, na Linha Verde. Mas eu queria mesmo era conhecer Trancoso, a míseros 30 quilômetros de Porto Seguro. Já tinha ido duas vezes à região do descobrimento (qualquer dia prometo escrever sobre Porto Seguro, o destino mais barato do Brasil) e não conhecia ainda a ilustre Trancoso. Pois, in-crí-vel: quando conheci, quis sair correndo. :-) Trancoso é mais ou menos assim: tudo simples, rústico, meio agreste, hippie, new age, alternativo e CARO. Entendeu? Eu não. Por ser tudo tão tô nem aí, imaginava que poderia desfrutar de uma agradável semana sem entrar no cheque especial. Pois foi difícil. Por certo, como toda viagem é uma falência temporária – já discutida no primeiro post – coloquei o passeio na mão de Nossa Senhora D‘Ajuda, padroeira do arraial ao lado, aliás tão caro e mitificado quanto!

Fiquei analisando, cá com meus botões, como um conceito de turismo pode encarecer tanto um destino. Sabe aquela história “Trancoso é um povoado localizado no Sul da Bahia que se originou de uma aldeia jesuíta fundada há quase 500 anos. Por seu primitivismo e natureza exuberante atrai gente de todo o mundo”. Sem dúvida sou essa gente de todo o mundo que sempre cai nas armadilhas turísticas do exótico, do excêntrico e do esquisito. Minha dica: vá a Porto Seguro por quinhentão (incluindo avião, hotel, traslado e city tour) e de lá para Trancoso (pacotes diretamente para Trancoso, em pousadinha razoável, não saem por menos de R$ 1.200,00). Fique dois dias no povoado. Vai dar para conhecer as praias (realmente lindas!) e o famoso “Quadrado”, a (única) praça do lugarejo. Este centrinho é abraçado por um conjunto de casas com uma igreja ao fundo, de onde se vê o mar. Em algumas destas casas vivem nativos e em todas as outras estão fincadas lojinhas de decoração, arte, bugigangas e quinquilharia espantosamente inflacionadas!


Eu, que perco o amigo mas não a viagem, tratei de curtir aquela extravagância a meu modo: comi no único e prosaico self service do lugar, era freqüentadora assídua do mercadinho e fiz até compras!!!!! Umas pulseirinhas por R$ 2,00 cada. Vendidas pelos hippies. Para todos os efeitos agora eu tenho pulseirinhas de sementes nativas, veja só, de Trancoso!!! Voltei feliz da vida para casa.

Trancoso combina com

PORTO SEGURO
ARRAIAL D´AJUDA

quinta-feira, 11 de maio de 2006

VENEZA: cotidiano anfíbio

Acredite, fora o mar Adriático que insiste em dar um passeio de vez em quando pela Piazza San Marco, Veneza não mudou um só preguinho de lugar desde sua fundação.

Sabe-se lá o que é uma cidade rodeada por 118 minúsculas ilhas, todas alinhavadas por mais de 400 pontes e canais, onde não existem carros e os ônibus são curiosas embarcações, que lembram mais uma chalana mato-grossense? Arf! São mais de 1600 anos de história e a fotografia, a geografia, as construções (!), TODAS, são as mesmas!

Decidi abrir meus posts internacionais com Veneza porque essa é a cidade mais surreal que já conheci. Não é nem a minha preferida de todas, mas a mais surpreendente. Entre todos os estereótipos criados para os casais apaixonados que elegem esta cidade para passar a lua de mel, andar de gôndola (uma espécie de canoa sofisticada), é o maior deles.

Os gondoleiros, cantarolando músicas venezianas, atravessam a Ponte de Rialto, levando gente apaixonada e turista curioso. Perder-se nas ruas estreitas e quase sempre encharcadas é o programaço desta inconcebível paragem italiana: ficar andando, atravessando pontes, pulando poças, imaginando a Veneza que motivou Vivaldi a compor As Quatro Estações. Não se preocupe, todos os caminhos dão na água e levam sempre de volta à Piazza San Marco.

Depois de uma manhã circulando em Veneza passei pelos mesmos canais, vi as mesmas obras, senti os mesmo cheiros e, provavelmente, até toquei as mesmas construções que inspiraram as pinturas de Rafael e Giotto.

A cidade, em si, é seu principal monumento. Lembra da Ponte dos Suspiros? Fica em Veneza. E do conquistador Casanova? Nasceu aqui.


Não sei se nem mesmo o lunático e criativo Júlio Verne teria tanta imaginação para tirar do fundo do mar uma cidade como esta, única no mundo, plantada sobre um oceano, com um cotidiano anfíbio, absolutamente intocada há mais de 16 séculos.
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Fotos: Raul Mattar
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