Sou absolutamente imprudente e temerária. Procurando a palavra OUSADIA no Houaiss encontrei, entre outras acepções, algo como falta de reflexão; imprudência; temeridade; atrevimento. Explico. Enquanto quase todo mundo quer comprar casa, carro e roupa... eu quero viajar. Pode ser para Morretes, Machu Picchu, Faixa de Gaza (sim, estive lá!) ou Londrina, minha cidade natal.
Para os que não entendem esta audácia de simplesmente gastar o salário do mês em algo que fica na lembrança e só poderá ser visto em fotos, um aviso: não dá para pensar em viagem, curta ou longa, de uma maneira racional.
Por mais econômico que seja o seu destino, ainda assim você vai gastar em uma semana fora de casa o que provavelmente gastaria durante um mês ficando nela. Aliás, turista profissional é tudo meio parecido. Como diz o publicitário Ricardo Freire (aquele que criou o slogan não é uma Brastemp), “toda viagem é uma extravagância”: os que viajam na 1ª classe deveriam estar na executiva. Aqueles que embarcam na executiva seguramente deveriam viajar pela econômica. E todos que estão na econômica – eu inclusive - nem deveriam ter saído de casa. “E mesmo assim, viajamos”, completa Freire.
Qualquer tourzinho a mais de 300 quilômetros é falência na certa. Temporária, é verdade. Até porque dá para dividir tudo no cartão de crédito e depois penhorar as jóias para pagar, pelo menos, o valor mínimo da fatura. Na verdade, todo mundo gosta de viajar. Quem não gosta, provavelmente, é mal-humorado. E lugar de mal-humorado é em casa mesmo.