A cidade mais visitada do mundo tem como principal monumento a torre mais cafona do planeta. Como não dá para não ir (e não subir), o negócio é olhar com outros olhos, buscar um novo ângulo e achar tudo feliz. 
 
Se o tal concurso para escolher as novas maravilhas do mundo fosse para nomear as cidades mais incríveis do planeta, Veneza seria hour concour. 
De tão extraordinária foi o destino escolhido para abrir meus posts internacionais do Matraqueando, há mais de um ano. 
Estive lá pela primeira vez em 1997. Voltei 10 anos depois e continuo achando a mesma coisa: nem Júlio Verne teria tanta imaginação para tirar do fundo do mar uma cidade plantada sobre um oceano, totalmente anfíbia, onde táxi, viatura, ônibus e até carro de boy são modestas embarcações.
Não da minha última viagem à Europa. Mas daquele concursinho fajuto, organizado por um milionário oportunista, que conseguiu ficar ainda mais rico às custas dos nossos clicks para eleger o Cristo Redentor. (Sim, eu votei no Cristo, porque sou brasileira e não desisto nunca!). Até hoje não entendi quais foram os critérios para selecionar as novas maravilhas do mundo moderno. Misturar em uma mesma categoria as ruínas de Machu Picchu e uma construção moderníssima como a Ópera de Sidney só me deixou mais confusa. 
 
 O projeto começou quando Gaudí tinha 31 anos e foi o último de sua vida. Dedicou mais de 40 anos à obra. O arquiteto morreu e não deixou nem os esboços para que pudessem finalizar o monumento mais criativo e genial dos últimos séculos.
Diversos artistas, engenheiros e arquitetos já deram várias contribuições, tentando finalizar a obra. Mas já se passaram mais de 70 anos desde a morte do visionário catalão e a previsão é de que fique totalmente pronta só em 2025. 
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No meu concurso particular para eleger as novas maravilhas do mundo eu colocaria o monumento em destaque pelo simples fato de ser único e original: tem inusitada e conflitante arquitetura, está em construção há 125 anos e a gente pode brincar de fazer sagradas famílias nas areias de qualquer praia do Brasil. 
Fotos: Raul Mattar 
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Sevilha: nem todos são toureiros!
Não é a minha cidade preferida. Perde longe para Barcelona. Não tem o charme mourisco de Sevilha. Nem o sol dos balneários da Costa da Luz. Mas é a capital da Espanha, o país europeu mais completo! (Lembrando que o meu diário de bordo está baseado na visão sentimental-apaixonada-holística-metafísica-e-pessoal da autora, euzinha!). 
Quase todo mundo que chega do Brasil à Espanha baixa, primeiro, em Madri. É a maior cidade do país. Possui dois dos principais museus da Europa, o Prado e o Reina Sofía. A realeza mora aqui. E o Rei Juan Carlos I, carismático que só ele, é amado pelos madrileños. 
Os madrileños falam muito. Se você estiver vindo de um país, eu diria assim, mais contido como a Inglaterra, por exemplo, vai saber o que eu quero dizer. Enquanto que no metrô de Londres ninguém abre a boca e todo mundo fica concentrado no seu jornal, em Madri (e em muitos outros lugares da Espanha, afinal os madrileños são, antes de tudo, espanhóis!) eles não param de hablar um só minuto.
Já no primeiro dia na cidade ninguém escapa da Gran Vía. Se não for a principal é a mais conhecida rua de Madri. Está bem no centro, no coração da cidade. Sabe aquela frase batidinha “todos os caminhos levam a Roma”? Pois aqui, por onde quer que vá, você cai na Gran Vía. Ela une a Plaza de España com a Calle de Alacalá, mais El Paseo del Prado. 
 Andando um pouquinho mais está la Puerta del Sol, La Plaza Mayor e o Palacio Real, a casa do rei. Passear pela Gran Vía, conhecer seus personagens, seus pontos curiosos (uma da unidades do Museo del Jamón fica aqui) e sua arquitetura é o passeio mais madrileño e econômico que você pode fazer na cidade. Até onde eu sei caminhar sem rumo não paga nada. 
Você pode se arriscar, também, no Casco Viejo, o centro antigo da cidade. Ao contrário das grandes avenidas, o casco viejo é cheio de ruazinha e bequinho, numa desordem estrutural e urbanística que provocaria uma crise convulsiva no arquiteto Jaime Lerner. O legal aqui é se perder! Perguntar (mesmo que estiver com o mapa na mão) o caminho de volta. Ou a saída. 
 E depois tentar voltar e não conseguir. Quando você estiver passando pela terceira em vez em frente daquele mesmo predinho amarelo, pare e descanse em qualquer pastelería que tiver ao alcance dos seus olhos. Aos distraídos: pastelería – na Espanha – vende doce, não salgado.
O que você deve ver ou fazer, gastando pouco ou nada
Tomar uma caña na Plaza Mayor, que já foi palco de touradas, execuções, cortejos e julgamentos da Inquisição. É cheia de lojinhas de souvenirs, restaurantes bons e baratos e alguns tablados de flamenco
Visitar o Palacio Real, que apesar de não ser a residência oficial do Rei Juan Carlos I – que vive no bem mais modesto Palacio de la Zarzuela, nos arredores de Madri – é uma pomposa construção para mostrar a majestade e a ostentação da nobreza do século XVIII.Outros posts sobre Madri:
Madri em três horas, Guernica para sempre.
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Triste. Revoltante. Dá dor de estômago. Vontade de chorar.