segunda-feira, 30 de outubro de 2006

PORTO SEGURO, para expiar os pecados. Ou não.

Se você decidiu que qualquer dia passará suas férias - ou parte dela - em Porto Seguro deve escolher se vai para expiar seus pecados ou para passar uma semana muito agradável no paraíso. Ta certo que é um pedaço pequeno do paraíso. E anjo não é bem o que você vai encontrar por lá. Muito menos tocando harpa e comendo maçã. No entanto, dependendo da sua expectativa em relação à cidade você poderá conhecer, segundo o publicitário Ricardo Freire, o purgatório - ao vivo e a cores.

Exagero. Olha só minha descrição: as praias de águas calmas têm, às margens, uma moldura de coqueiros. Areias grossa e fina se intercalam nas Praias de Curuípe, Mundaí, Itacemirim e Taperapuã- a mais famosa. A Praia do Cruzeiro - de águas limpas, mas escuras - foge à regra devido o encontro do mar com o Rio Buranhén. O fenômeno pode ser visto por quem passa na rua, ao lado da orla. Barracas espalhadas nos cem quilômetros de areia são pontos de encontro dia e noite. Viu, que lindo! Continuando..., ao longo do areião, água de coco é a bebida oficial e o axé (toc, toc, toc, pé de pato, mangalô três vezes), o ritmo sagrado. E aí você pode procurar um padre para se confessar. (Dizem que se a gente se arrepender de todos os pecados antes de morrer, vai por céu - diretinho.)

Foto: Treak Earth

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A Passarela do Álcool


O casario colorido da Passarela do Álcool, um minishopping ao ar livre em Porto Seguro - abre espaço para uma infinidade de lojinhas que vendem desde as tradicionais camisetas “sogra devia ter dois dentes, um para doer e outro para abrir garrafa” até berimbaus e artesanato indígena feito de madeira, coco e argila. Aliás, ir a Porto Seguro e não comprar um berimbau é crime. O problema é onde por o trambolho quando a gente volta para casa.

É à noite que a Passarela do Álcool revela a maior concentração de bares da cidade, onde várias barracas decoradas com arranjos de fruta vendem batidas e o já tradicionalíssimo "Capeta" (ui), bebida típica que mistura vodca, mel, canela, guaraná em pó e leite condensado. Cremdospadre! As melhores opções de restaurantes também estão aqui. Moqueca por R$ 16,00. Para dois. A noite continua nas muitas barracas de praia, que se alternam na promoção dos luaus. Cada dia tem uma festa diferente à beira mar. Sempre regada à música baiana. Nativos tiram os turistas para dançar e o clima caloroso desse povo contamina até o mais tímido e desajeitado que estiver dando sopa por ali.

Dançar faz parte da alma dessa terra. É música o tempo todo, por todos os lados. Mesmo que você tenha vindo para cá, jurando que odeia axé (toc toc toc, sai di mim mizifio!), vai levar um susto se - de repente - já estiver mexendo o pezinho ou batendo os dedos na mesa, acompanhando o compasso contagiante. Um ritmo, que mistura o bom humor e o prazer de uma gente que adora ver você por aqui. Amém.
Foto: Treak Earth

domingo, 22 de outubro de 2006

PORTO SEGURO é a nossa história


Nem mesmo Cabral podia imaginar as belezas que encontraria nessa pequena faixa de terra do litoral baiano quando gritou “Terra à Vista”. O navegador português inaugurou aqui a história do Brasil e fez de toda essa região a chamada Costa do Descobrimento. O marco zero do país, quem diria, só foi oficializado três anos depois da chegada da frota de naus e caravelas lusitanas. Trazido pela expedição de Gonçalo Coelho, em 1503, o pequeno obelisco – batizado de Marco de Posse - está, hoje, no modesto centro histórico de Porto Seguro.


A cidade continuou primitiva até pouco tempo e foi redescoberta por turistas do mundo todo a partir dos anos 70. Porto Seguro, com 100 quilômetros de praia, é sol e mar o ano inteiro. Carrega com todo orgulho, a igreja mais antiga do Brasil, fundada em 1526. A primeira missa, reza a história, foi a 22 quilômetros dali, no município de Cabrália. Mas tudo bem, é tudo pertinho. E ai de quem ousa contrariar e dizer que não foi ali ou foi mais para lá. Cada povoado da região disputa o local exato onde tudo aconteceu. Não importa. A verdade é que começou por aqui, em algum lugar.

Fotos: Raul Mattar
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sábado, 21 de outubro de 2006

Certidão de nascimento do Brasil

Senhor (...) Vossa Alteza:

(...) Houvemos vista de terra! (...) ao qual monte alto o capitão pôs o nome de o Monte Pascoal e à terra A Terra de Vera Cruz!


(...)Já lá estavam dezoito ou vinte. Pardos, nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. Traziam arcos nas mãos, e suas setas. (...)
Mostraram-lhes uma galinha; quase tiveram medo dela, e não lhe queriam pôr a mão. Depois lhe pegaram, mas como espantados. Deram-lhes ali de comer: pão e peixe cozido, confeitos, fartéis, mel, figos passados. Não quiseram comer daquilo quase nada; e se provavam alguma coisa, logo a lançavam fora. Viu um deles umas contas de rosário, brancas; fez sinal que lhas dessem, e folgou muito com elas,(...) e acenava para a terra e novamente para as contas e para o colar do Capitão, como se dariam ouro por aquilo.
(...)
Contudo, o melhor fruto que dela se pode tirar parece-me que será salvar esta gente.
(...)
Deste Porto Seguro, da Vossa Ilha de Vera Cruz, hoje, sexta-feira, primeiro dia de maio de 1500.

Pero Vaz de Caminha


Imagem: Biblioteca Nacional Digital de Lisboa

quinta-feira, 19 de outubro de 2006

PORTO SEGURO, embarque imediato


Concordo. Porto Seguro está mesmo démodé e faz tempo. Depois dele já vieram Trancoso, Itacaré e Caraíva.
Destino legal é aquele que primeiro só vão os birutas (que a gente chama carinhosamente de hippies), depois chegam as celebridades (que acabam montando um restaurante ou uma pousadinha da hora) depois o lugar é abraçado pelos farofei..., quer dizer - por nós - os mortais. Estive lá três vezes, bem depois dos excêntricos e dos artistas, é verdade.
O destino, pelo custo benefício, é o melhor do Brasil. A minha veia muquirana não resiste: pacotes de 7 dias, com hotel, avião (a-vi-ão!), traslado e city tour por 8 x R$ 66,00 para ficar refestelada numa praia baiana???!!! Isso porque não é sóóó uma praia baiana.
Tem gente que viaja meio mundo para ver ruínas pré-colombianas, atravessa um quarto de Europa para conhecer a casa de Dalí ou se embrenha no deserto para ver pirâmides misteriosas e não vai a Porto Seguro conhecer de pertinho onde o Frei Henrique de Coimbra rezou a primeira missa do Brasil.
Não pelo fato de ser a primeira missa. Podia ser o primeiro rito de candomblé ou a primeira oração do Pastor Coimbra. O que importa é que ali - ou mais ou menos naquela região - está onde tudo começou.
Foto: Raul Mattar
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